segunda-feira, 28 de junho de 2021

Avaliação | Simulado de Língua Portuguesa | 1º ano (Ensino Médio) | 2º bimestre



Leia a tirinha do Calvin, do cartunista Bill Watterson:
1. Por suas características, esse texto é um exemplo de
A) anedota.
B) tirinha.
C) folheto de campanha.
D) história em quadrinhos.
E) charge.
RESPOSTA

2. No primeiro quadrinho desse texto, a expressão “perdeu as estribeiras” indica que o pai ficou
A) confuso.
B) desanimado.
C) descontrolado.
D) impressionado.
E) surpreso.
RESPOSTA

3. No trecho “Ah, agora é você que vai começar é?”, o ponto de interrogação foi usado para
A) criar suspense.
B) reforçar uma advertência.
C) indicar dúvida.
D) introduzir uma reflexão.
E) retomar uma conversa.
RESPOSTA

4. No primeiro quadrinho desse texto, o menino está
A) aborrecido.
B) amedrontado.
C) arrependido.
D) preocupado.
E) surpreso.
RESPOSTA

5. Na fala "Quando isso acabar", a conjunção "quando" expressa ideia de
A) causa
B) finalidade
C) tempo
D) consequência

Leia a charge abaixo e responda às questões 1 a 3:
Fonte da charge: circbolivarianopaulofreire

6. Qual é o assunto gramatical da aula?
a) classes gramaticais
b) novo acordo ortográfico
c) função sintática
d) pontuação

7. Qual a palavra (da frase escrita no quadro) que responde à pergunta da professora?
a) público
b) frequente
c) descaso
d) ensino

8. Sobre a resposta do aluno, foi a resposta esperada pela professora?
a) Sim, porque não houve mudança na grafia de nenhuma das palavras do quadro.
b) Não, pois se esperava que o aluno respondesse sobre a mudança da grafia de uma palavra do quadro.
c) Sim, porque o aluno identificou a palavra que havia passado por alguma mudança na grafia. 
d) Não, pois a professora não esperava que o aluno identificasse a mudança na grafai de uma palavra.

9. Qual foi a intenção comunicativa do aluno responder "Nada!"?
a) Expor uma crítica às condições precárias da sala de aula. 
b) Constatar que não houve mudança na grafia de nenhuma palavra do quadro. 
c) Esclarecer mudanças ou não na grafia de alguma palavra do quadro.
d) Ignorar o propósito da pergunta expressa pela professora.

10. Entre as palavras abaixo, qual também sofreu alteração na grafia após a reforma ortográfica?
a) carteira
b) linguiça
c) lâmpada
d) rachadura

sexta-feira, 18 de junho de 2021

Atividade sobre colocação pronominal a partir de um poema de Carlos Drummond de Andrade



Você vai ler a seguir um conhecido poema de Carlos Drummond de Andrade, autor estudado na seção Literatura deste capítulo.

A flor e a náusea

Preso à minha classe e a algumas roupas,
vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjoo?
Posso, sem armas, revoltar-me?

Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.

Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.

Vomitar esse tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.

Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.

Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima.

Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

1. Publicado na obra A rosa do povo (1945) e escrito em um momento histórico conturbado - ditadura Vargas no Brasil e Segunda Guerra Mundial -, o poema "A flor e a náusea" deixa transparecer o sentimento do eu lírico em relação a esse contexto. Com base nas três primeiras estrofes, responda:
a. Como se caracteriza o ambiente e o tempo em que vive o eu lírico? Justifique sua resposta com palavras, expressões e versos do texto.

b. Quais são os desejos do eu lírico nesse contexto? Justifique sua resposta com versos do texto.

2. Nas estrofes de 4 a 7, o eu lírico fala sobre si mesmo.
a. O que se sabe do eu lírico por meio desses versos?

b. Levante hipóteses: Essas características permitem associar o eu lírico a quem?

3. As três últimas estrofes falam sobre o nascimento de uma flor.
a. Levante hipóteses: Por que esse acontecimento é tratado como fora do comum no contexto do poema?

b. Como o eu lírico descreve a flor que nasceu? O que há de inesperado nessa descrição?

c. Quais sentimentos essa flor desperta no eu lírico? Justifique sua resposta com versos do poema.

d. Discuta com os colegas e o professor e conclua: Qual sentido maior se pode atribuir ao nascimento dessa flor, levando em consideração todo o contexto de produção do poema? Indique o verso que resume essa ideia.

4. Há no poema diversos pronomes oblíquos átonos que acompanham verbos.
a. Reproduza a tabela a seguir em seu caderno, identifique essas ocorrências no poema e complete a tabela como no exemplo, de acordo com cada tipo de ocorrência.

Ênclise em início de frase ou depois de uma pausa

Próclise motivada por palavra atrativa

Casos que não se encaixam nas regras

b. Entre os casos que não se encaixam nas regras apontados por você no item anterior, sobressai a próclise ou a ênclise? Levante hipóteses: Por que isso ocorre?

c. Discuta com os colegas e o professor e conclua: Com base nas características da poesia modernista e especialmente da poesia de Drummond, o que justifica a forma como o poeta utiliza próclises e ênclises no poema em estudo?

5. Releia este verso:

"Em vão me tento explicar, os muros são surdos."

a. Levante hipóteses: Quem são os muros surdos?

b. Levante hipóteses: Por que foi utilizada essa colocação pronominal?

c. Como você falaria essa frase? Justifique sua resposta.


Fonte: Português: Linguagens

quinta-feira, 17 de junho de 2021

Atividade sobre conectores a partir de um texto usado na prona do ENEM-2011



Leia o texto a seguir utilizado numa questãoda prova do Enem-2011:

"Cultivar um estilo de vida saudável é extremamente importante para diminuir o risco de infarto, mas também de problemas como morte súbita e derrame. Significa que manter uma alimentação saudável e praticar atividade física regularmente já reduz, por si só, as chances de desenvolver vários problemas. Além disso, é importante para que possa haver o controle da pressão arterial, dos níveis de colesterol e de glicose no sangue. Também ajuda a diminuir o estresse e aumentar a capacidade física, fatores que, somados, reduzem as chances de infarto. Exercitar-se, nesses casos, com acompanhamento médico e moderação, é altamente recomendável".
(ATALIA, M. Nossa vida. Época. 23 mar. 2009)

1. As ideias veiculadas no texto se organizam estabelecendo relações que atuam na construção do sentido. A esse respeito, identifica-se, no fragmento, que
a) a expressão “Além disso” marca uma sequenciação de ideias.
b) o conectivo “mas também” inicia oração que exprime a ideia de contraste.
c) o termo “como”, em “como morte súbita e derrame”, introduz uma generalização.
d) o termo “Também” exprime uma justificativa.
e) o termo “fatores” retoma coesivamente “níveis de colesterol e de glicose no sangue”.

2. No trecho "... mas também de problemas como morte súbita e derrame", os conectores "mas também" e "como" expressam, respectivamente
a) oposição e causa
b) adição e comparação
c) explicação e conformidade
d) alternância e consequência

3. No trecho "... fatores que, somados, reduzem as chances de infarto", a palavra "fatores" faz referência a
a) "Exercitar-se com acompanhamento médico e moderação"
b) "chances de desenvolver vários problemas"
c) "diminuir o estresse e aumentar a capacidade física"
d) “níveis de colesterol e de glicose no sangue"

4. No trecho "... para que possa haver o controle da pressão arterial", o conectivo "para que" indica ideia de
a) finalidade
b) oposição
c) consequência
d) causa

5. Ainda no trecho "... para que possa haver o controle da pressão arterial", o conectivo "para que" pode ser substituído por outro de mesmo significado na alternativa
a) à medida que
b) a fim de que
c) porque
d) já que

quarta-feira, 16 de junho de 2021

Atividade sobre colocação pronominal a partir de uma crônica de Antônio Prata



Leia o texto a seguir, de Antonio Prata.

Abraçando árvore

Não era uma felicidade eufórica, dessas de gritar "Urru!", estava mais pra uma brisa de contentamento, como se eu bebesse vinho branco à beira-mar ou lesse Rubem Braga na varanda de um sítio.

Eu tinha acordado cedo naquela sexta - e acordar cedo sempre me predispõe à felicidade. O trabalho havia rendido bem e, antes do fim da manhã, já tinha acabado de escrever tudo o que me propusera para o dia. À uma, fui almoçar com o meu editor. Ele estava com alguns capítulos do meu livro novo desde dezembro e eu temia que não tivesse gostado. Gostou. Fez alguns reparos com que concordei. Comemos um peixe na brasa - peixe e brasa também costumam me predispor à felicidade - e como era sexta-feira, e como somos amigos, e como comemorávamos essa pequena alegria que é um trabalho andar bem, uma parceria funcionar, brindamos com vinho branco - não à beira-mar, mas à beira do Cemitério da Consolação, que pode não ter a grandeza de um Atlântico, mas também tem lá os seus pacíficos encantos.

Saí andando meio emocionado, meio sem rumo pela tarde ensolarada e quando vi estava em frente à paineira da Biblioteca Mario de Andrade. É uma árvore gigante, que provavelmente já estava ali antes do Mario de Andrade nascer, continuou ali depois de ele morrer e continuará ali depois que todos os 18 milhões de habitantes que hoje perambulam pela cidade de São Paulo estiverem abaixo de suas raízes. Talvez tenha sido o assombro com essa longevidade, talvez acordar cedo, talvez os elogios ao livro e o vinho certamente colaborou: fato é que senti uma súbita vontade de abraçar aquela árvore.

Acho importante deixar claro, inclemente leitor, que não sou do tipo que abraça árvore. Na verdade, sou do tipo que faz piada com quem abraça árvore. Se me contassem, até a última sexta, que algum amigo meu foi visto abraçando uma paineira na rua da Consolação eu diria, sem pestanejar: enlouqueceu. Mas...

Não haveria nada de místico no abraço. Eu não achava que a paineira iria me emprestar qualquer "energia", nem que ela sugaria de minh'alma possíveis toxinas metafísicas. Era algo simbólico como atirar uma rosa ao mar dia 31 de dezembro, uma mínima inflexão na correria: aí está você, imóvel e longeva, aqui estou eu, ágil e breve, duas soluções do acaso para a soma de elementos da tabela periódica - e ela seguiria ali, com sua fotossíntese, eu seguiria adiante, com minhas caraminholas.

Olhei prum lado. Olhei pro outro. Tomei coragem e foi só sentir o rosto tocar o tronco para ouvir: "Antonio?!". Era meu editor.

Foram dois segundos de desespero durante os quais contemplei o distrato do livro, a infâmia pública, o alcoolismo e a mendicância, mas só dois segundos, pois meu inconsciente, consciente do perigo, me lançou a ideia salvadora. "Uma braçada", disse eu, girando pra esquerda e envolvendo a árvore novamente, "duas braçadas e... Três". Então encarei, seguro, meu possível verdugo: "Três braçadas dá o que? Uns cinco metros de perímetro? Tava medindo pra descrever, no livro. Tem uma parte mais no fim em que essa paineira é importante."
Colou. Nos despedimos. Ele foi embora prum lado, a minha felicidade pro outro e agora estou aqui, já noite alta desta sexta-feira, tentando enfiar a todo custo um tronco de quase dois metros de diâmetro num livro em que, até então, não havia nem uma samambaia.
(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2016/ 01/1730364-abracando-arvore.shtml. Acesso em: 5/3/2016.)

1. O autor conta, em seu texto, sobre um dia específico de sua vida.
a. Qual era o estado de espírito do autor naquele dia?

b. A que acontecimentos ele atribui tal estado de espírito?

c. Qual atitude inusitada ele tomou levado por esse estado de espírito?

2. Ao decidir realizar um ato julgado por ele mesmo como inusitado, o autor foi surpreendido por seu editor.
a. Qual foi a reação do autor nesse momento e o que ele fez para sair da situação embaraçosa?

b. Qual problema essa atitude trouxe para ele?

3. Esse texto foi publicado em um jornal de grande circulação. Tendo em vista a história contada, responda:
a. Qual nova função pode assumir esse texto, além de entreter os leitores?

b. Levante hipóteses: O problema mencionado pelo autor no último parágrafo permanecerá após a circulação desse texto?

4. Observe as seguintes construções empregadas no texto:

"sempre me predispõe"
"tudo o que me propusera"
"costumam me predispor"
"Se me contassem"
"iria me emprestar"
"me lançou a ideia"
"Nos despedimos."

a. O que há de comum entre todas elas no que diz respeito à posição do pronome oblíquo?

b. Discuta com os colegas e o professor: Em alguma dessas ocorrências, ao produzir o mesmo enunciado, você colocaria o pronome em lugar diferente?

5. Embora no português falado atualmente no Brasil (e escrito em situações informais) os pronomes sejam majoritariamente colocados na posição em que estão no texto lido, há outras maneiras de explorar essa colocação.
Discuta com os colegas e o professor e levante hipóteses: Quais das opções a seguir são consideradas adequadas à norma-padrão segundo a gramática normativa?

sempre predispõe-me
tudo o que propuse-me-ra
tudo o que propusera-me
costumam predispor-me
ir-me-ia emprestar
iria emprestar-me
lançou-me a ideia
Despedimo-nos

6. Encontre no texto outros trechos que comprovem a opção do autor de empregar uma linguagem bastante informal, próxima da fala.


Fonte: Português: Linguagens

segunda-feira, 14 de junho de 2021

Proposta de produção de uma "ata de reunião"



Às vezes, em uma assembleia ou em uma reunião do corpo deliberativo de uma agremiação, associação ou congregação, torna-se necessário tomar algumas decisões importantes, que dizem respeito a todos os associados.

Para registrar a pauta, as falas dos participantes e as decisões tomadas, existe a ata. Trata-se de um texto por meio do qual todos os que pertencem àquela comunidade (presentes ou não à reunião) podem tomar conhecimento do que foi discutido e decidido. Além disso, esse texto serve também como um registro das decisões tomadas e contribui para que elas não se percam e para evitar que, no futuro, as mesmas questões voltem a ser discutidas.

Conheça um modelo básico de ata:

Ata de reunião

Às _____ horas, do dia _____, do mês de _____, do ano de _____, reuniu-se a Diretoria (ou Conselho Diretivo) do(a) _____, situado em (endereço), contando com a presença de (identificar os participantes, se não for um número muito grande). O diretor (ou secretário) apresentou aos presentes a seguinte pauta da reunião, que foi aprovada pelo grupo: _____ e _____. Em seguida, iniciou-se a discussão dos itens e a apresentação de propostas. As propostas aprovadas com _____ % dos votos (ou por maioria) são as seguintes: _____, _____ e _____.

Para acompanhar o encaminhamento ou a execução das propostas, foram escolhidos os senhores (identificar) e _____.

Sem mais nada para tratar, às _____ horas dei por encerrada a reunião, que foi presidida por (nome), por (nome e cargo) e por mim, (nome e cargo), que a secretariei. Assinaturas:

(nome e assinatura de todos os participantes)

Antes da popularização dos computadores, cada ata era lavrada manualmente em um livro, em um único parágrafo, e não podia conter rasuras. Com o uso de computadores, essas exigências deixaram de ser rígidas.

Contudo, espera-se encontrar em um texto desse gênero:

- data, local, horário de início e fim da reunião;
- identificação das pessoas presentes e seus cargos, para que se saiba por quem as decisões foram tomadas;
- pauta da reunião, com a explicitação dos motivos da ocorrência dela;
- registro da discussão da pauta e da apresentação de propostas;
- registro das decisões tomadas na reunião;
- compromissos assumidos, com indicação de tarefas e prazos para seu cumprimento;
- menção à data estabelecida para a reunião seguinte.

Recomenda-se que o arquivo contendo uma ata seja salvo em PDF, para que não haja alterações posteriores.

HORA DE ESCREVER
Seguindo o modelo acima, elabore uma ata registrando uma reunião entre os colegas da sua classe a fim de tomar uma decisão em benefício da turma.  

Fonte: Português Contemporâneo: Diálogo, Reflexão e Uso

Atividade sobre pronomes relativos e pronomes demonstrativos a partir de uma tira do Laerte



Leia a tira do cartunista Laerte a seguir e responda às questões 1 e 2.
CRÉDITOS: Laerte/Acervo do cartunista

1. A propósito do pronome isso, empregado em três quadrinhos da tira, responda:
a. Ele faz referência a elementos situados no texto, no tempo ou no espaço? Justifique sua resposta.

b. A qual elemento cada ocorrência do pronome se refere?

2. Discuta com os colegas e o professor e conclua: De que forma o uso do pronome isso contribui para a construção do humor da tirinha?

3. Conforme vimos, a palavra "quem", dependendo do contexto, pode ser pronome de diferentes tipos. Identifique, em cada uma das frases a seguir, a função e, consequentemente, a classificação do pronome quem.
a. Quem esteve aqui ontem?

b. Minha irmã, com quem eu sempre podia contar, foi morar em outra cidade.

c. Queremos saber quem são os atores daquela peça.

d. Seja quem for, seremos benevolentes.

e. Eles são pessoas em quem podemos confiar.

f. Quem convidaremos para a festa?

g. Estejamos atentos a quem vai comparecer à reunião.


Fonte: Português Contemporâneo: Diálogo, Reflexão e Uso

Atividade sobre pronomes a partir de um anúncio da revista "Carta Capital"



Leia o anúncio da revista "Carta Capital" a seguir e responda às questões de 1 a 3.
FONTE: Fallon PMA

1. Há, no enunciado principal do anúncio, duas ocorrências de pronome.
a. Quais são essas ocorrências?

b. Classifique o pronome nas duas ocorrências.

2. Levante hipóteses:
a. A quais fatos ou pessoas se refere a primeira ocorrência do pronome?

b. A quais fatos ou pessoas se refere a segunda ocorrência do pronome?

3. Discuta com os colegas e o professor e conclua: Que imagem de si mesma a revista anunciada quer construir com esse enunciado?

Leia o texto a seguir e responda às questões 4 e 5.

"Vem pela Rodovia Fernão Dias, passa por Atibaia, a Polícia Rodoviária, pedágio, divisa do Estado de São Paulo e Minas Gerais, mais alguns quilômetros vem o posto da fiscalização (inclusive tem uma lombada). Após andar +/- 500 m à direita tem a saída."

4. O texto é um trecho de uma explicação sobre como chegar a certo hotel, dada pelo próprio estabelecimento.
a. Imagine a pergunta feita pelo cliente do hotel e formule-a, utilizando um pronome interrogativo.

b. Na explicação dada pelo hotel, foi empregado um pronome indefinido. Qual é esse pronome?

c. Levante hipóteses: Quantos quilômetros o pronome indefinido indica?

d. Discuta com os colegas e o professor: O uso do pronome indefinido nesse contexto é adequado? Por quê?

e. O texto se refere a certa distância de forma bem-definida. Qual palavra é utilizada para isso? Qual é a classe gramatical dessa palavra?

5. O texto pode ser reescrito de forma a tornar clara não apenas a referência indicada pelo pronome indefinido, mas também a orientação como um todo. Discuta com os colegas e o professor e, juntos, deem ao texto uma redação mais adequada à situação de comunicação.


Fonte: Português Contemporâneo: Diálogo, Reflexão e Uso

Atividade sobre pronomes a partir de um texto de Camilo Castelo Branco



Leia, a seguir, um trecho da obra "Coração, cabeça e estômago", de Camilo Castelo Branco, escritor romântico português.

Foi o romance que degenerou as raças, porque lá de França todas as heroínas [...] vêm definhadas, tísicas, em jejum natural, tresnoitadas, levadas da breca. Nunca se dá que os romancistas nos digam o que elas comem, quantas horas dormem, quantos cozimentos de quássia tomam para dessaburrar o estômago, qual género de alimento preferem, que doutrinas de higiene adoptaram, quantos amantes afagam para cicatrizarem os golpes da perfídia com o pêlo do mesmo cão. Mal haja uma literatura que transtorna fundamentalmente a digestão e o sono, estes dois poderosos esteios da saúde, da graça, da formosura e de tudo que é poesia e gozo neste mundo! Se alguma vez o romancista nos dá, no primeiro capítulo, uma menina bem fornida de carnes e rosada e espanejada como as belas dos campos, é contar que, no terceiro capítulo, ali a temos prostrada numa otomana, com olheiras a revelar o cavado do rosto, com a cintura a desarticular-se dos seus engonços, com as mãos translúcidas de magreza, os braços em osso nu e os olhos apagados nas órbitas, orvalhadas de lágrimas.

Pouca gente alcança os limites do desarranjo que estes envenenadores impunes causam nos costumes e na transmissão da espécie.

1. No trecho lido, Camilo Castelo Branco, pela voz do narrador, expõe abertamente o que pensa sobre os textos do Romantismo. Qual é o ponto de vista do autor em relação a esses textos e qual é o principal argumento que ele utiliza para fundamentar sua opinião?

2. Releia o trecho:

"Pouca gente alcança os limites do desarranjo que estes envenenadores impunes causam nos costumes e na transmissão da espécie."

Em geral, quando se diz "Pouca gente alcança x", espera-se que x seja algo complicado, difícil.
a. O que, segundo o autor, pouca gente alcança? Explique.

b. Levando em conta aquilo que, segundo o autor, pouca gente alcança, o que estaria, então, ao alcance de muita gente?

c. Por que é possível dizer que a afirmação feita pelo autor, no trecho, é irônica?

d. A expressão pouca gente possibilita saber quantas pessoas exatamente o autor tem em mente?

3. Leia as frases:

I. Pouca gente foi ao show; esteve lá um total de _____ pessoas.
II. Pouca gente da família veio; chegou um total de _____ pessoas.
III. Pouca gente veio à palestra; esteve presente nela um total de _____ pessoas.
IV. Pouca gente mora naquela cidade; ali vive um total de _____ pessoas.

a. Qual quantidade, entre as seguintes, é a que corresponde adequadamente a cada afirmação? Indique em seu caderno.

- 20 mil
- 3
- 900
- 70

b. Conclua: É possível determinar a quantidade exata a que se refere o termo pouca em cada frase? Justifique sua resposta.

4. Releia este trecho:

"quantas horas dormem, quantos cozimentos de quássia tomam para dessaburrar o estômago, qual género de alimento preferem, que doutrinas de higiene adoptaram, quantos amantes afagam para cicatrizarem os golpes da perfídia com o pêlo do mesmo cão."

a. Transforme em perguntas dirigidas às heroínas românticas cada um dos itens da enumeração feita por Camilo Castelo Branco.

b. Imagine que as perguntas fossem dirigidas aos romancistas, e não às heroínas. Como elas seriam formuladas? Que pronome não seria o mesmo?

5. Releia estes trechos:

I. "estes dois poderosos esteios da saúde, da graça, da formosura"

II. "neste mundo"

III. "estes envenenadores impunes causam nos costumes e na transmissão da espécie"

a. É possível considerar que em dois dos trechos anteriores o termo em destaque retoma textualmente elementos citados anteriormente. Quais são esses trechos e quais elementos o termo em destaque retoma?

b. Qual é o referente do termo em destaque no outro trecho?

6. Releia os trechos:

- "Foi o romance que degenerou as raças"
- "Mal haja uma literatura que transtorna fundamentalmente a digestão e o sono"
- "Pouca gente alcança os limites do desarranjo que estes envenenadores impunes causam"

a. Relacione em seu caderno as orações das colunas a seguir, ligadas nos trechos lidos pelo termo que.

Primeira coluna:
I. Foi o romance
II. Mal haja uma literatura
III. Pouca gente alcança os limites do desarranjo

Segunda coluna:
- estes envenenadores impunes causam um desarranjo
- O romance degenerou as raças
- A literatura transtorna fundamentalmente a digestão e o sono

b. Conclua: Quais termos são retomados pela palavra que nos trechos lidos?


Fonte: Português Contemporâneo: Diálogo, Reflexão e Uso

Proposta de produção de crônica a partir de um texto de Luis Fernando Veríssimo



Ninguém é de ferro: o humor.
A crônica serve também para o entretenimento, para ser lida quando queremos nos divertir. Luis Fernando Verissimo é, provavelmente, nosso principal cronista de humor, pois consegue relatar situações engraçadas do cotidiano de maneira que, além de proporcionar diversão, leva à reflexão e à crítica.

Leia esta crônica do autor:

O olhar da truta

O homem pediu truta e o garçom perguntou se ele não gostaria de escolher uma pessoalmente.

- Como, escolher?

- No nosso viveiro. O senhor pode escolher a truta que quiser.

Ele não tinha visto o viveiro ao entrar no restaurante. Foi atrás do garçom. As trutas davam voltas e voltas dentro do aquário, como num cortejo. Algumas paravam por um instante e ficavam olhando através do vidro, depois retomavam o cortejo. E o homem se viu encarando, olho no olho, uma truta que estacionara com a boca encostada no vidro à sua frente.

- Essa está bonita... - disse o garçom.

- Eu não sabia que se podia escolher. Pensei que elas já estivessem mortas.

- Não, nossas trutas são mortas na hora. Da água direto para a panela.

A truta continuava parada contra o vidro, olhando para o homem.

- Vai essa, doutor? Ela parece que está pedindo...

Mas o olhar da truta não era de quem queria ir direto para uma panela. Ela parecia examinar o homem. Parecia estar calculando a possibilidade de um diálogo.

Estranho, pensou o homem. Nunca tive que tomar uma decisão assim. Decidir um destino, decidir entre a vida e a morte. Não era como no supermercado, em que os bichos já estavam mortos e a responsabilidade não era sua - pelo menos não diretamente. Você podia comê-los sem remorso. Havia toda uma engrenagem montada para afastar você do remorso.

As galinhas vinham já esquartejadas, suas partes acondicionadas em bandejas congeladas, nada mais distante da sua responsabilidade. Os peixes jaziam expostos no gelo, com os olhos abertos mas sem vida. Exatamente, olhos de peixe morto. Mas você não decretara a morte deles. Claro, era com sua aprovação tácita que bovinos, ovinos, suínos, caprinos, galinhas e peixes eram assassinados para lhe dar de comer. Mas você não estava presente no ato, não escolhia a vítima, não dava a ordem. Não via o sangue. De certa maneira, pensou o homem, vivi sempre assim, protegido das entranhas do mundo. Sem precisar me comprometer. Sem encarar as vítimas. Mas agora era preciso escolher.

- Vai essa, doutor? - insistiu o garçom.

- Não sei. Eu...

- Acho que foi ela que escolheu o senhor. Olha aí, ficou paradinha. Só faltando dizer ''Me come''.

O homem desejou que a truta deixasse de encará-lo e voltasse ao carrossel junto com as outras. Ou que pelo menos desviasse o olhar. Mas a truta continuava a fitá-lo. Ele estava delirando ou aquele olhar era de desafio?

- Vamos - estava dizendo a truta. - Pelo menos uma vez na vida, seja decidido. Me escolha e me condene à morte, ou me deixe viver. A decisão é sua. Eu não decido nada. Sou apenas um peixe, com cérebro de peixe. Não escolhi estar neste tanque. Não posso decidir a minha vida, ou a de ninguém. Mas você pode. A minha e a sua. Você é um ser humano, um ente moral, com discernimento e consciência. Até agora foi um protegido, um desobrigado, um isento da vida. Mas chegou a hora de se comprometer. Você tem uma biografia para decidir. A minha. Agora. Depois pode decidir a sua, se gostar da experiência. O que não pode é continuar se escondendo da vida, e....

- Vai essa mesmo, doutor? - quis saber o garçom, já com a rede na mão para pegar a truta.

- Não - disse o homem. - Mudei de ideia. Vou pedir outra coisa.

E de volta na mesa, depois de reexaminar o cardápio, perguntou:

- Esses camarões estão vivos?

- Não, doutor. Os camarões estão mortos.

- Pode trazer.
(Em algum lugar do paraíso. São Paulo: Objetiva, 2011. p. 14-6.)

Como fez Luis Fernando Verissimo, escreva uma crônica de humor a partir de uma situação do cotidiano. Essa situação, real ou imaginada, pode ser ambientada em um dos locais sugeridos a seguir ou outro que você prefira.
- No elevador
- No salão de beleza
- Na feira
- No banheiro
- Na praia
- No cinema

Fonte: Português Contemporâneo: Diálogo, Reflexão e Uso

Proposta de produção de crônica a partir do texto "O amor deixa muito a desejar", de Arnaldo Jabor



Cena do filme "Love Story"

Meu primeiro amor. Apesar de sempre ter sido explorado na arte, foi no Romantismo que o sentimento do amor encontrou sua principal expressão artística. No período em que predominou esse movimento, o amor e a paixão eram os sentimentos que moviam as pessoas, a ponto de muitas terem morrido ou matado por amor.

Você já foi tocado pelo amor? Se sim, como foi para você a descoberta do amor?

Leia o seguinte fragmento de uma crônica de Arnaldo Jabor.

O amor deixa muito a desejar

[...]
Eu devia ter uns 6 anos, no máximo. Foi meu primeiro dia de aula no colégio, lá no Meier, onde minha mãe me levou, pela Rua 24 de Maio, coberta de folhas de mangueira que o vento derrubava. Fiquei sozinho, desamparado, sem pai nem mãe no colégio desconhecido. No pátio do recreio, crianças corriam. Uma bola de borracha voou em minha direção e bateu em meu peito. Olhei e vi uma menina morena, de tranças, com olhos negros, bem perto, me pedindo a bola e, nesse segundo, eu me apaixonei. Lembro-me de que seu queixo tinha um pequeno machucado, como um arranhão com mercúrio-cromo, lembro-me que ela tinha um nariz arrebitado, insolente e que, num lampejo, eu senti um tremor desconhecido, logo interrompido pelo jogo, pela bola que eu devolvi, pelos gritos e correria do recreio. Ela deve ter me olhado no fundo dos olhos por uns três segundos mas, até hoje, eu me lembro exatamente de sua expressão afogueada e vi que ela sentira também algum sinal no corpo, alguma informação do seu destino sexual de fêmea, alguma manifestação da matéria, alguma mensagem do DNA. Recordando minha impressão de menino, tenho certeza de que nossos olhos viram a mesma coisa, um no outro. Senti que eu fazia parte de um magnetismo da natureza que me envolvia, que envolvia a menina, que alguma coisa vibrava entre nós e senti que eu tinha um destino ligado àquele tipo de ser, gente que usava trança, que ria com dentes brancos e lábios vermelhos, que era diferente de mim e entendi vagamente que, sem aquela diferença, eu não me completaria.

Ela voltou correndo para o jogo, vi suas pernas correndo e ela se virando com uma última olhada.
Misteriosamente, nunca mais a encontrei naquela escola. Lembro-me que me lembrei dela quando vi aquele filme Love Story, não pelo medíocre filme, mas pelo rosto de Ali McGraw, que era exatamente o rosto que vivia na minha memória. Recordo também, com estranheza, que meu sentimento infantil foi de "impossibilidade"; aquele rosto me pareceu maravilhoso e impossível de ser atingido inteiramente, foi um instante mágico ao mesmo tempo de descoberta e de perda. Escrevendo agora, percebo que aquela sensação de profundo "sentido" que tive aos 6 anos pode ter marcado minha maneira de ser e de amar pelos tempos que viriam. Senti a presença de algo belíssimo e inapreensível que, hoje, velho de guerra, arrisco dizer que talvez seja essa a marca do amor: ser impossível. [...]
(Disponível em: http://pensador.uol.com.br/cronica_do_amor_arnaldo_jabor/. Acesso em: 20/11/2015.)

Escreva uma crônica sobre o amor, relatando como foi para você a descoberta desse sentimento ou refletindo sobre as dificuldades e a beleza que envolvem a experiência amorosa.

Fonte: Português Contemporâneo: Diálogo, Reflexão e Uso

Atividade sobre pronomes pessoais e possessivos a partir de uma tira do Recruta Zero



Leia a tira do "Recruta Zero", de Mort Walker, e responda às questões de 1 a 6.
FONTE: © 2016 King Features Syndicate/Ipress

1. A personagem de boné chama-se Recruta Zero. Levante hipóteses:
a. Onde ela está?

b. Qual é a profissão do homem que fala com o Recruta Zero no 1º quadrinho?

2. O homem que fala no 1º quadrinho transmite a Zero uma reclamação.
a. Qual é a reclamação? Quem a fez?

b. A quem se referem os pronomes "você" e "lhe", respectivamente?

3. Em relação ao 2º quadrinho, responda:
a. Qual expectativa Recruta Zero revela que tinha?

b. Como o homem reage à observação de Zero? Justifique sua resposta.

4. Leia a frase:

Precisamos conversar sobre os seus problemas.

Discuta com os colegas e o professor: A pessoa que ouve essa frase é a causadora dos problemas ou é quem sofre os problemas?

5. O humor da tira é construído com base na discrepância entre o que o homem pretendia com a conversa e o que Zero esperava dela.

Suponha que, ao ser recebido pelo homem, Zero ouviu a frase apresentada na questão anterior.

Qual termo da fala de Zero, no 2º quadrinho, deixa claro o entendimento que teve da frase, ao ouvi-la?

6. Reescreva a frase apresentada na questão 4, eliminando a ambiguidade e deixando claro o sentido:
a. com o qual o homem a falou;

b. com o qual Zero a entendeu.


Fonte: Português Contemporâneo: Diálogo, Reflexão e Uso

Atividade sobre pronome possessivo a partir da música "Conversa de Botequim", de Noel Rosa



Leia a primeira estrofe da canção "Conversa de botequim", de Noel Rosa:

Seu garçom faça o favor de me trazer depressa
Uma boa média que não seja requentada
Um pão bem quente com manteiga à beça
Um guardanapo e um copo d'água bem gelada
Feche a porta da direita com muito cuidado
Que eu não estou disposto a ficar exposto ao sol
Vá perguntar ao seu freguês do lado
Qual foi o resultado do futebol

Há, nos versos lidos, duas ocorrências da palavra "seu".

a. Em qual das ocorrências é possível afirmar que se trata do pronome possessivo "seu"?

b. Qual é a classificação de "seu" na outra ocorrência? Justifique sua resposta.

c. Nem sempre o termo "seu" indica posse. Observe as construções:

I. Por que você fez isso, seu ridículo?
II. Você sabe que adoro você, seu lindo!!
III. E você acreditou mesmo que era verdade, seu bobinho?

Em nenhuma delas o pronome "seu" tem sentido de posse. Indique, entre os sentidos abaixo, qual pode ser encontrado em cada construção.

- ironia
- carinho
- ofensa
- tristeza
- satisfação


Fonte: Português Contemporâneo: Diálogo, Reflexão e Uso

Atividade sobre crase a partir de uma placa do DNIT



Leia a placa a seguir.
FONTE: (Disponível em: http://www.naotemcrase.com/2014/10/contruir-as-margens-de.html. Acesso em: 8/3/2016.) 

1. Levante hipóteses: A quem a placa se dirige?

2. A expressão as margens, sem acento, tal como foi escrita na placa:
a. tem qual função nessa frase?

b. tem qual sentido?

3. Suponha que houvesse acento na expressão às margens.
a. Nesse caso, qual seria o sentido dessa expressão e sua função nessa frase?

b. Tendo em vista a situação de comunicação analisada, deduza: Qual das duas formas é mais adequada a esse contexto e por quê?


Fonte: Português: Linguagens

domingo, 13 de junho de 2021

Atividade sobre crase a partir de um cartaz do Conselho Federal de Psicologia



Leia o texto a seguir - um cartaz do Conselho Federal de Psicologia:
FONTE: (Disponível em: https://dapsiuff.files.wordpress.com/2012/07/nao-a-medicalizacao.png. Acesso em: 7/3/2016.) 

1. Observe a parte não verbal do cartaz.
a. Em que suporte está escrito o texto central?

b. Que elementos estão em volta desse objeto?

c. Desses elementos, qual foge ao universo escolar?

2. O texto foi produzido para divulgar uma campanha do Conselho Federal de Psicologia. Levante hipóteses:
a. A quem se dirige o cartaz?

b. A qual situação social ele faz referência?

c. Qual é a relação do Conselho Federal de Psicologia com essa situação?

d. Qual é a proposta da campanha?

3. Levante hipóteses: Por que o termo arteiro está entre aspas? Justifique sua resposta com base no texto do cartaz.

4. Com base em suas respostas às questões anteriores, conclua: Qual é o sentido do termo "medicalização"? Seu uso se restringe ao contexto infantil? Justifique sua resposta com base no texto do cartaz.

5. Releia as seguintes frases:

"Não à medicalização da vida."
"Não ao uso indiscriminado de remédios nas escolas."

a. Tendo em vista o contexto do cartaz, é possível considerar que há uma forma verbal implícita antes do "não". Qual é ela e a quem ela se dirige?

b. Um dos complementos que esse verbo exige nessa ocorrência contém uma preposição. Qual é essa preposição?

c. Levante hipóteses: Por que antes da palavra "medicalização" foi utilizada a forma à e antes da palavra uso foi utilizada a forma ao?


Fonte: Português: Linguagens

sábado, 12 de junho de 2021

Atividade sobre pronomes pessoais e possessivos a partir de uma carta de José de Alencar


Leia, a seguir, um trecho de uma carta do escritor romântico José de Alencar e responda às questões.

Tijuca [Rio de Janeiro], 18 de fevereiro de 1868.

Ilmo Sr. Machado de Assis. - Recebi ontem a visita de um poeta. - O Rio de Janeiro não o conhece ainda; muito breve o há de conhecer o Brasil. Bem entendido, falo do Brasil que sente; do coração e não do resto. - O Sr. Castro Alves é hóspede desta grande cidade, alguns dias apenas. Vai a S. Paulo concluir o curso que encetou em Olinda. - Nasceu na Bahia, a pátria de tão belos talentos; a Atenas brasileira que não cansa de produzir estadistas, oradores, poetas e guerreiros. [...] Recebi-o dignamente. [...] O Sr. Castro Alves lembrava-se, como o senhor e alguns poucos amigos, de uma antiguidade de minha vida; que eu outrora escrevera para o teatro. Avaliando sobre medida minha experiência neste ramo difícil da literatura, desejou ler-me um drama, primícia de seu talento. - Essa produção já passou pelas provas públicas em cena competente para julgá-la. A Bahia aplaudiu com júbilos de mãe a ascensão da nova estrela de seu firmamento. Depois de tão brilhante manifestação, duvidar de si, não é modéstia unicamente, é respeito à santidade de sua missão de poeta. - Gonzaga é o título do drama que lemos em breves horas. [...] Há no drama Gonzaga exuberância de poesia. Mas deste defeito a culpa não foi do escritor; foi da idade. Que poeta aos vinte anos não tem essa prodigalidade soberba de sua imaginação, que se derrama sobre a natureza e a inunda? - A mocidade é uma sublime impaciência. Diante dela a vida se dilata, e parece-lhe que não tem para vivê-la mais que um instante. Põe os lábios na taça da vida, cheia a transbordar de amor, de poesia, de glória, e quisera estancá-la de um sorvo. - A sobriedade vem com os anos; é virtude do talento viril. Mais entrado na vida, o homem aprende a poupar sua alma. [...] Depois da leitura do seu drama, o Sr. Castro Alves recitou-me algumas poesias [...] Contudo, deixar que passasse por aqui ignorado e despercebido o jovem poeta baiano, fora mais que uma descortesia. Não lhe parece? - Já um poeta o saudou pela imprensa; porém, não basta a saudação; é preciso abrir-lhe o teatro, o jornalismo, a sociedade, para que a flor desse talento cheio de seiva se expanda nas auras da publicidade. - Lembrei-me do senhor. Em nenhum concorrem os mesmos títulos. Para apresentar ao público fluminense o poeta baiano, é necessário não só ter foro de cidade na imprensa da Corte, como haver nascido neste belo vale do Guanabara, que ainda espera um cantor. - Seu melhor título, porém, é outro. O senhor foi o único de nossos modernos escritores, que se dedicou sinceramente à cultura dessa difícil ciência que se chama crítica. [...] Do senhor, pois, do primeiro crítico brasileiro, confio a brilhante vocação literária, que se revelou com tanto vigor. - Seja o Virgílio do jovem Dante, conduza-o pelos ínvios caminhos por onde se vai à decepção, à indiferença e finalmente à glória, que são os três círculos máximos da divina comédia do talento.
FONTE: Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro

1. Com base no texto, responda:
a. A quem José de Alencar escreveu?

b. Qual a principal finalidade da carta?

c. Como o autor justifica a escolha de tal destinatário?

4. Considerando as formas de tratamento presentes na carta, responda:
a. Qual forma Alencar utiliza para se referir a seu interlocutor?

b. Qual ele utiliza para se referir a seu hóspede?

c. Percebe-se, na carta, que a escolha da forma de tratamento empregada em referência ao hóspede do escritor não está relacionada a idade. Justifique essa afirmação.

d. Levante hipóteses: Qual é a razão do uso, na carta, dessa forma de tratamento?

Leia os trechos a seguir, extraídos da carta.

"O Rio de Janeiro não o conhece ainda"
(linha 1)

"desejou ler-me um drama"
(linha 9)

"a ascensão da nova estrela de seu firmamento"
(linha 11)

"duvidar de si, não é modéstia unicamente"
(linha 11 e 12)

"não tem para vivê-la mais que um instante"
(linha 17)

"Não lhe parece?"
(linha 22)

"é preciso abrir-lhe o teatro"
(linha 23)

5. Entre os trechos, há dois nos quais os pronomes retomam diretamente palavras do texto sem se referir às três pessoas do discurso. Identifique quais são esses trechos e quais são as palavras retomadas.

6. Nos demais trechos, os pronomes se referem às pessoas do discurso, que são, na carta, seu autor (1ª pessoa), o destinatário (2ª pessoa) e o assunto (3ª pessoa).
a. Faça a correspondência entre as pessoas do discurso e as pessoas envolvidas na carta.

b. Identifique a quem corresponde cada um dos cinco pronomes destacados.

c. O pronome "lhe" não se refere à mesma pessoa nas duas ocorrências. Explique essa afirmação.

7. Entre as ocorrências de pronomes no texto, alguma não é mais utilizada ou é pouco utilizada atualmente na fala? Em caso de resposta afirmativa, aponte qual(is) e indique a(s) forma(s) que a(s) substituiu(iram).


Fonte: Português Contemporâneo: Diálogo, Reflexão e Uso

Atividade sobre pronomes pessoais e possessivos a partir de uma piada de whatsapp


1. Leia uma piada que circulou nas redes sociais:
CRÉDITOS: mundowhatsapp.com

b. Levante hipóteses: Qual é a origem dessa expressão?

c. Na piada, há uma oposição de dois pronomes possessivos. Explique essa afirmação.

d. Com base na resposta do item c, conclua: Por que a frase seria a "mais bipolar do mundo"?

2. Leia o enunciado a seguir, extraído de um anúncio de um curso de manicure e cabeleireiro.

"Aprenda a cuidar de suas unhas e de seus cabelos"

a. Levante hipóteses: A quem se referem os pronomes "suas" e "seus" nesse contexto?

b. Complete as frases com os pronomes possessivos adequados:

- Marta cuida bem das _____ unhas.

- Marta cuida bem das unhas _____.

- Marta cuida bem dos _____ cabelos.

- Marta cuida bem dos cabelos _____.

- João cuida bem das _____ unhas.

- João cuida bem das unhas _____.

- Marta e João cuidam bem das _____ unhas.

- Marta e João cuidam bem das unhas _____.

c. Entre as formas pronominais que completam as frases do item anterior, quais você utiliza mais frequentemente no seu cotidiano?

d. Descreva morfologicamente as formas pronominais que completam as frases do item b, isto é, indique o gênero, a pessoa e o número dessas formas.

e. Observe os termos com os quais o pronome possessivo concorda em cada uma das frases do item b e conclua: As duas formas pronominais seguem a mesma regra de concordância? Justifique sua resposta.


Fonte: Português Contemporâneo: Diálogo, Reflexão e Uso

Atividade sobre pronomes a partir do discurso de Malala Yousafzai no Prêmio Nobel da Paz


Leia, a seguir, o discurso de agradecimento feito por Malala Yousafzai ao ganhar o prêmio Nobel da Paz, em 2013, quando tinha 17 anos.

Excelentíssimas majestades, ilustres membros do Comitê Nobel norueguês, queridos irmãos e irmãs.

Hoje é um dia de grande felicidade para mim. Aceito com humildade a escolha do Comitê Nobel em me agraciar com este precioso prêmio. [...]

Muito me orgulha ter sido a primeira pachtun, a primeira paquistanesa e a primeira adolescente a receber este prêmio. E tenho a certeza absoluta de ser também a primeira pessoa a receber um Nobel da Paz que ainda briga com seus irmãos mais novos. Eu quero que a paz se espalhe por todos os cantos, mas meus irmãos e eu ainda estamos trabalhando nisso.

Muito me honra também dividir este prêmio com Kailash Satyarthi, que vem lutando pelos direitos das crianças já há muito tempo. Na verdade, pelo dobro do tempo que já vivi. Fico feliz também por estarmos aqui reunidos demonstrando ao mundo que um indiano e uma paquistanesa podem conviver em paz e trabalhar em prol dos direitos das crianças.
[...]

Este prêmio não é só meu. É das crianças esquecidas que querem educação. É das crianças assustadas que querem a paz. É das crianças sem direito à expressão que querem mudanças.

Estou aqui para afirmar os seus direitos, dar-lhes voz... Não é hora de lamentar por elas. É hora de agir, para que seja a última vez que vejamos uma criança sem direito à educação. [...]
No que se refere a mim, sou apenas uma pessoa dedicada e teimosa que quer ver todas as crianças recebendo educação de qualidade, que quer a igualdade de direitos para as mulheres e que quer que haja paz em todos os cantos do mundo. [...]

Os terroristas tentaram nos deter e atacaram a mim e a minhas amigas em 9 de outubro de 2012, mas suas balas não podiam vencer.

Nós sobrevivemos. E desde aquele dia nossas vozes só fizeram se erguer mais altas.

Eu conto a minha história não porque ela seja única, mas principalmente porque não é. [...]

Hoje, em metade do mundo testemunhamos acelerado progresso, modernização e desenvolvimento.

No entanto, há países onde milhões ainda sofrem dos antiquíssimos problemas da fome, da pobreza, da injustiça e de conflitos.

Na verdade, lembramos em 2014 que um século se passou desde o início da Primeira Guerra Mundial, mas ainda não aprendemos todas as lições que surgiram da perda daqueles milhões de vidas de cem anos atrás.

Ainda há conflitos em que centenas de milhares de pessoas inocentes perdem suas vidas. [...]

Muitas crianças na África não têm acesso à escola por causa da pobreza. [...]

Queridos irmãos e irmãs, que nos tornemos a primeira geração a decidir ser a última [a ficar fora da escola].

Que esta seja a última vez que um menino ou uma menina desperdice sua infância em uma fábrica.

Que esta seja a última vez que uma garota seja obrigada a se casar na infância.

Que esta seja a última vez que uma criança inocente perca a vida na guerra.

Que esta seja a última vez que uma sala de aula permaneça vazia.

Que esta seja a última vez que se diga a uma menina que a educação é um crime e não um direito.

Que esta seja a última vez que uma criança permaneça fora da escola.

Que comecemos nós a encerrar essa situação.

Que sejamos nós a dar um fim a isso.

Que comecemos a construir um futuro melhor, aqui, agora.

Obrigada.
(Disponível em: http://www.blogdacompanhia.com.br/2014/12/discurso-de-malalayousafzai-no-premio-nobel-da-paz/. Acesso em: 8/11/2015.)

1. Em seu agradecimento, Malala se dirige às pessoas presentes à cerimônia e fala sobre sua vida e sobre as causas pelas quais luta. Observe as expressões abaixo, extraídas do texto:
- Excelentíssimas majestades
- me orgulha
- a primeira pachtun
- eu quero
- das crianças esquecidas
- a mim e a minhas amigas
- daqueles milhões de vidas
- queridos irmãos e irmãs

Quais delas Malala utiliza:
a. para se dirigir diretamente a seus interlocutores?

b. para se referir a si própria?

c. para se referir a outras pessoas ou outros assuntos?

2. No trecho que segue, Malala estabelece uma relação entre ela própria e algumas crianças. Veja:

"Este prêmio não é só meu. É das crianças esquecidas que querem educação. É das crianças assustadas que querem a paz. É das crianças sem direito à expressão que querem mudanças.
Estou aqui para afirmar os seus direitos, dar-lhes voz... Não é hora de lamentar por elas. É hora de agir, para que seja a última vez que vejamos uma criança sem direito à educação."

a. Quem são essas crianças e por que Malala se identifica com elas?

b. Entre as seguintes palavras empregadas no trecho, indique quais se referem a Malala e quais se referem às crianças.

- meu

- seus

- lhes

- elas

3. Releia estes trechos do discurso de Malala:

- "ainda estamos trabalhando nisso"
- "Fico feliz também por estarmos aqui reunidos"
- "Os terroristas tentaram nos deter"
- "ainda não aprendemos todas as lições"

a. Nos quatro trechos, foi utilizada a 1ª pessoa do plural, isto é, há neles um "nós" em nome do qual Malala fala. Com base no texto, identifique a quem "nós" se refere em cada um dos trechos.

b. Em um dos trechos, há um emprego de "nós" com sentido genérico. Qual é esse trecho? Explique por quê.

4. Releia os trechos:
- "Não é hora de lamentar por elas"
- "não porque ela seja única"

Nos dois trechos, há referência à 3ª pessoa do feminino.

a. Identifique as palavras que comprovam essa afirmação.

b. Em qual trecho a palavra está no plural e em qual está no singular? Justifique sua resposta.

c. Reveja os parágrafos do 4º ao 9º do discurso e identifique a que se refere cada uma das palavras indicativas de 3ª pessoa.

5. Observe estes três grupos de trechos do texto:

I. "Eu quero que a paz se espalhe por todos os cantos"
"Nós sobrevivemos."
"não porque ela seja única"

II. "Hoje é um dia de grande felicidade para mim"
"a escolha do Comitê Nobel em me agraciar"
"dar-lhes voz..."
"Não é hora de lamentar por elas."

III. "Este prêmio não é só meu"
"Estou aqui para afirmar os seus direitos"
"minhas amigas"
"E desde aquele dia nossas vozes"
"um menino ou uma menina desperdice sua infância"

Em qual grupo as palavras em destaque:
a. dão ideia de posse?

b. antecedem verbos que concordam com elas?

c. indicam alvo de uma ação?

6. Ao responder às questões anteriores, você viu que, no discurso, Malala lança mão de certas palavras para se referir diretamente a seus interlocutores, outras para se referir ao assunto em foco e outras, ainda, para se referir a sua própria história. Discuta com os colegas e o professor:
a. Considerando-se a situação de comunicação, quais são as principais finalidades que Malala tinha em vista com seu discurso?

b. Na construção do discurso da jovem, qual é a importância do uso de palavras referentes aos interlocutores, ao assunto e a ela própria?


Fonte: Português Contemporâneo: Diálogo, Reflexão e Uso

Atividade sobre prosa a partir do romance "Lucíola", de José de Alencar


"Lucíola" narra a história de amor entre Lúcia, uma cortesã (prostituta de luxo que frequentava a corte), e Paulo, um rapaz recém-chegado ao Rio de Janeiro. No romance, os conflitos vivenciados pela protagonista se relacionam às circunstâncias que a tinham levado ao meretrício: o sacrifício da virgindade para livrar a família da morte e, a seguir, a expulsão de casa pelo pai, que a condena pela atitude tomada. Assim, Maria da Glória, o verdadeiro nome da protagonista, sem ter meios para sobreviver, entrega-se à vida de cortesã e passa a viver à margem da sociedade. A redenção da protagonista se dá por meio do amor que vive com Paulo, que resgata na cortesã Lúcia a pureza da menina Maria da Glória.

Leia, a seguir, um trecho do 15º capítulo de Lucíola:

XV

Decorreram vinte dias.

Chegando uma tarde vi Lúcia assustar-se e esconder sob as amplas dobras do vestido um objeto que me pareceu um livro.
- Estavas lendo?

Ela perturbou-se.

- Não, estava esperando-o.

- Quero ver que livro era.

Meio à força e meio rindo consegui tomar o livro depois de uma fraca resistência. Ela ficou enfadada.

Era um livro muito conhecido - A Dama das Camélias. Ergui os olhos para Lúcia interrogando a expressão de seu rosto. Muitas vezes lê-se não por hábito e distração, mas pela influência de uma simpatia moral que nos faz procurar um confidente de nossos sentimentos, até nas páginas mudas de um escritor. Lúcia teria, como Margarida, a aspiração vaga para o amor? Sonharia com as afeições puras do coração?

Ela tornou-se de lacre sentindo o peso de meu olhar.

- Esse livro é uma mentira!

- Uma poética exageração, mas uma mentira, não! Julgas impossível que uma mulher como Margarida ame?

- Talvez; porém nunca desta maneira! disse indicando o livro.

- De que maneira?

- Dando-lhe o mesmo corpo que tantos outros tiveram. Que diferença haveria então entre o amor e o vício? Essa moça não sentia, quando se lançava nos braços de seu amante, que eram os sobejos da corrupção que lhe oferecia? Não temia que seus lábios naquele momento latejassem ainda com os beijos vendidos?

- O amor purifica e dá sempre um novo encanto ao prazer. Há mulheres que amam toda a vida; e o seu coração, em vez de gastar-se e envelhecer, remoça como a natureza quando volta a primavera.

- Se elas uma só vez tivessem a desgraça de se desprezar a si próprias no momento em que um homem as possuía; se tivessem sentido estancarem-se as fontes da vida com o prazer que lhes arrancavam à força da carne convulsa, nunca mais amariam assim! O amor é inexaurível e remoça, como a primavera; mas não ressuscita o que já morreu.

- Pelo que vejo, Lúcia, nunca amarás em tua vida!

- Eu?... Que ideia! Para que amar? O que há de real e de melhor na vida é o prazer, e esse dispensa o coração. O prazer que se dá e recebe é calmo e doce, sem inquietação e sem receios. [...] O amor!... O amor para uma mulher como eu seria a mais terrível punição que Deus poderia infligir-lhe! Mas o verdadeiro amor d'alma; e não a paixão sensual de Margarida, que nem sequer teve o mérito da fidelidade. Se alguma vez essa mulher se prostituiu mais do que nunca, e se mostrou cortesã depravada, sem brio e sem pudor, foi quando se animou profanar o amor com as torpes carícias que tantos haviam comprado.

Lúcia falou com uma volubilidade nervosa. Às vezes o rosto se tornava sombrio e torvo para esclarecer-se de repente com um raio de indignação, que cintilava na pupila; outras, a sua palavra sentida e apaixonada estacava no meio da vibração, afogando num sorriso de desprezo.
- E houve um homem que aceitasse semelhante amor?

- Ele também a amava; e certamente não pensava como tu.

- Mas é impossível amar uma mulher que se compra, e se tem apenas a desejam! A menos que não se ame por especulação e cálculo para obter-se de graça o que não se pode pagar.

- Seria uma infâmia! Não dês a isto o santo nome do amor.

- E podemos nós ser amadas de outro modo? Como? Arrependendo-nos, e rompendo com o passado? Talvez o primeiro que zombasse da mísera fosse aquele por quem ela desejasse se regenerar. Pensaria que o enganava, para obter por esse meio os benefícios de uma generosidade maior. Quem sabe?... suspeitaria até que ela sonhava com uma união aviltante para a sua honra e para a reputação de sua família. Antes mil vezes esta vida, nua de afeições, em que se paga o desprezo com a indiferença! Antes ter seco e morto o coração do que senti-lo viver para semelhante tortura.

- Está bem: deixemos em paz A Dama das Camélias. Nem tu és Margarida, nem eu sou Armando.

- Oh! juro-lhe que não! Esse juramento teve uma solenidade que me pareceu caricata. Ou porque o percebesse, ou por uma das inexplicáveis transições que lhe eram frequentes, Lúcia soltou uma gargalhada.
[...]

1. Ao ser surpreendida pela chegada de Paulo, Lúcia tenta esconder o livro que tinha em mãos. Considerando o contexto e o boxe 'A dama das camélias", responda: O que tal atitude da personagem revela a respeito dos sentimentos e das intenções dela?

2. Ao longo do diálogo com Paulo, Lúcia faz críticas ao livro e, em especial, à personagem Margarida.
a. O que Lúcia condena em Margarida?

b. O que tal condenação revela quanto à visão que a protagonista tinha do amor? Essa visão corresponde ao ideal de amor do Romantismo? Explique.

3. Paulo e Lúcia discutem sobre o amor. Ele tem a opinião de que o "amor purifica" e rejuvenesce o coração.
a. De acordo com Lúcia, isso seria impossível para ela. Por quê? Justifique sua resposta com elementos do texto.

b. Lúcia afirma que o amor seria "a mais terrível punição que Deus poderia infligirlhe". Por quê?

c. A visão que Lúcia tem de sua condição reforça os valores da sociedade em que ela vive? Justifique sua resposta.

4. Lúcia é uma personagem marcada pelo conflito psicológico.
a. De acordo com as reflexões realizadas anteriormente, que conflito é vivenciado pela protagonista no texto em estudo?

b. O conflito interior vivenciado pela personagem manifesta-se, às vezes, em mudanças bruscas de comportamento. Identifique no texto um trecho que comprove essa afirmação.

c. Considerando o texto em estudo e o boxe "A evolução e a classificação das personagens", conclua: Lúcia é uma personagem plana ou redonda? Justifique sua resposta.

5. Como informa José de Alencar no prólogo do livro, lucíola é um vaga-lume que brilha intensamente na escuridão à beira dos pântanos. De acordo com essa sugestão de sentido oferecida para o título do livro e as reflexões realizadas ao longo deste estudo, levante hipóteses: Como essa imagem do inseto lucíola pode ser associada a Lúcia, a heroína da obra?


Fonte: Português Contemporâneo: Diálogo, Reflexão e Uso

Atividade sobre prosa do Romantismo a partir de "Memórias de um Sargento de Milícias"


Leia, a seguir, um trecho do terceiro capítulo de "Memórias de um Sargento de Milícias", do escritor do Romantismo Manuel Antônio de Almeida, no qual é narrada a chegada de Leonardo à casa de seu padrinho logo depois de ter sido abandonado pelos pais.

Despedida às travessuras

O Leonardo abandonara de uma vez para sempre a casa fatal onde tinha sofrido tamanha infelicidade; [...]

O pequeno, enquanto se achou novato em casa do padrinho, portou-se com toda a sisudez e gravidade; apenas porém foi tomando mais familiaridade, começou a pôr as manguinhas de fora.

Apesar disto porém captou do padrinho maior afeição, que se foi aumentando de dia em dia, e que em breve chegou ao extremo da amizade cega e apaixonada. Até nas próprias travessuras do menino, as mais das vezes malignas, achava o bom do homem muita graça; não havia para ele em todo o bairro rapazinho mais bonito, e não se fartava de contar à vizinhança tudo o que ele dizia e fazia; às vezes eram verdadeiras ações de menino malcriado, que ele achava cheio de espírito e de viveza; outras vezes eram ditos que denotavam já muita velhacaria para aquela idade, e que ele julgava os mais ingênuos do mundo.

Era isto natural em um homem de uma vida como a sua; tinha já 50 e tantos anos, nunca tinha tido afeições; passara sempre só, isolado; era verdadeiro partidário do mais decidido celibato. Assim à primeira afeição que fora levado a contrair sua alma expandiu-se toda inteira, e seu amor pelo pequeno subiu ao grau de rematada cegueira. Este, aproveitando-se da imunidade em que se achava por tal motivo, fazia tudo quanto lhe vinha à cabeça.

Umas vezes sentado na loja divertia-se em fazer caretas aos fregueses quando estes se estavam barbeando. Uns enfureciam-se, outros riam sem querer; do que resultava que saíam muitas vezes com a cara cortada, com grande prazer do menino e descrédito do padrinho. Outras vezes escondia em algum canto a mais afiada navalha do padrinho, e o freguês levava por muito tempo com a cara cheia de sabão mordendo-se de impaciência enquanto este a procurava; ele ria-se furtiva e malignamente. Não parava em casa coisa alguma por muito tempo inteira; fazia andar tudo numa poeira; pelos quintais atirava pedras aos telhados dos vizinhos; sentado à porta da rua, entendia com quem passava e com quem estava pelas janelas, de maneira que ninguém por ali gostava dele. O padrinho porém não se dava disto, e continuava a querer-lhe sempre muito bem. Gastava às vezes as noites em fazer castelos no ar a seu respeito; sonhava-lhe uma grande fortuna e uma elevada posição, e tratava de estudar os meios que o levassem a esse fim. Eis aqui pouco mais ou menos o fio dos seus raciocínios. Pelo ofício do pai... (pensava ele) ganha-se, é verdade, dinheiro quando se tem jeito, porém sempre se há de dizer: - ora, é um meirinho!... Nada... por este lado não... Pelo meu ofício... verdade é que eu arranjei-me (há neste arranjei-me uma história que havemos de contar), porém não o quero fazer escravo dos quatro vinténs dos fregueses... Seria talvez bom mandá-lo ao estudo... porém para que diabo serve o estudo? Verdade é que ele parece ter boa memória, e eu podia mais para diante mandá-lo a Coimbra... Sim, é verdade... eu tenho aquelas patacas; estou já velho, não tenho filhos nem outros parentes... mas também que diabo se fará ele em Coimbra? licenciado não: é mau ofício; letrado? era bom... sim, letrado... mas não; não, tenho zanga a quem me lida com papéis e demandas... Clérigo?... um senhor clérigo é muito bom... é uma coisa muito séria... ganha-se muito... pode vir um dia a ser cura. Está dito, há de ser clérigo... ora, se há de ser: hei de ter ainda o gostinho de o ver dizer missa... de o ver pregar na Sé, e então hei de mostrar a toda esta gentalha aqui da vizinhança que não gosta dele que eu tinha muita razão em lhe querer bem. Ele está ainda muito pequeno, mas vou tratar de o ir desasnando aqui mesmo em casa, e quando tiver 12 ou 14 anos há de me entrar para a escola.

Tendo ruminado por muito tempo esta ideia, um dia de manhã chamou o pequeno e disse-lhe:

- Menino, venha cá, você está ficando um homem (tinha ele 9 anos); é preciso que aprenda alguma coisa para vir um dia a ser gente; de segunda-feira em diante (estava em quarta-feira) começarei a ensinar-lhe o b-a, ba. Farte-se de travessuras por este resto da semana.
O menino ouviu este discurso com um ar meio admirado, meio desgostoso, e respondeu:

- Então eu não hei de ir mais ao quintal, nem hei de brincar na porta?

- Aos domingos, quando voltarmos da missa...

- Ora, eu não gosto da missa.

O padrinho não gostou da resposta; não era bom anúncio para quem se destinava a ser padre; mas nem por isso perdeu as esperanças.
[...]

1. A obra de Manuel Antônio de Almeida retrata o cotidiano de determinada classe social do Rio de Janeiro na primeira metade do século XIX. De acordo com o trecho em estudo, qual é essa classe social? Justifique sua resposta.

2. No capítulo, são descritas algumas características de Leonardo quando garoto.
a. A caracterização do protagonista se afasta da visão idealizada que os românticos tinham da infância. Explique essa afirmação com elementos do texto.

b. Tanto na infância quanto na vida adulta, o protagonista é, com frequência, alvo de contrariedades e antipatias e também de simpatias e favores. De que modo isso se apresenta no texto em estudo?

c. Leonardo é considerado pela crítica o primeiro grande malandro da literatura brasileira. Tendo em vista essa informação e as respostas anteriores, conclua: Que elementos do texto já apontam para o perfil de malandro do protagonista?

3. O barbeiro faz planos para o futuro de Leonardo.
a. O pai de Leonardo era meirinho. Por que o barbeiro rejeita a possibilidade de Leonardo seguir essa profissão?

b. A realização pessoal no trabalho era um ideal liberal-burguês presente nos romances românticos europeus. Os planos do barbeiro para seu afilhado se orientam por esse ideal? Justifique sua resposta com elementos do texto.

c. Entre as alternativas de futura ocupação que imagina para seu afilhado, o barbeiro se decide pela de clérigo. Que efeito de sentido essa decisão constrói no texto em estudo?

4. Leia o trecho a seguir, também do terceiro capítulo da obra.

"O menino, como já dissemos, estremecera de prazer ao ver aproximar-se a procissão. Desceu sorrateiramente a soleira, e sem ser visto pelo padrinho colocou-se unido à parede entre as duas portas da loja, levantando-se na ponta dos pés para ver mais ao seu gosto."

No trecho, há uma intrusão do narrador na narrativa.

a. De que modo se dá essa intrusão? Justifique sua resposta com elementos do texto.

b. Que efeito de sentido resulta desse recurso?

5. Releia estes trechos:

- "O pequeno [...] apenas porém foi tomando mais familiaridade, começou a pôr as manguinhas de fora."
- "sentado à porta da rua, entendia com quem passava e com quem estava pelas janelas"
- "O menino ouviu este discurso com um ar meio admirado, meio desgostoso"

a. Em Memórias de um sargento de milícias, a linguagem se caracteriza por um estilo espontâneo, associado a registros informais. Qual trecho evidencia tal característica? Justifique sua resposta.

b. No segundo trecho, qual sentido a expressão entendia com quem passava adquire, no contexto em que está inserida?


Fonte: Português Contemporâneo: Diálogo, Reflexão e Uso