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O espírito de contestação e inconformismo da juventude, entretanto, não é uma exclusividade do século XIX. Ele sempre existiu, conforme mostra o texto que segue. Leia-o.
O antigo Egito já reclamava deles
Os conflitos que marcam a adolescência sempre existiram - e sempre vão existir. A história da cultura e das artes mostra que traços como a impulsividade, a inquietação, a rebeldia e o sentimento de que se pode mudar o mundo são constantes nessa fase da vida - embora a resposta a eles tenha variado muito. De todas as características dos adolescentes, a rebeldia é, de longe, a que mais recebeu atenção. Cinco mil anos atrás, um egípcio exasperado mandou inscrever em sua tumba as seguintes palavras: "Os jovens já não respeitam os mais velhos. Eles se tornaram impertinentes e perderam toda a noção de comedimento". Na Grécia, onde o tema da educação ocupou os melhores cérebros, o filósofo Sócrates refletiu longamente sobre o desdém que os adolescentes mostravam pela autoridade. Essas reprimendas aos rebeldes ecoaram pelos séculos sem interrupção. As coisas começaram a mudar com os românticos, no século XIX, mas só no século XX se operou uma transformação de alcance universal. A rebeldia adolescente tornou-se algo a ser compreendido - e até exaltado. Formas de cultura popular como o cinema e o rock se alimentaram dessa ideia. Juventude Transviada, de 1955, é um marco nessa virada. A fita glamorizou o inconformismo e produziu um ícone: o ator James Dean. Na música pop, o terreno foi desbravado pelo roqueiro Elvis Presley, mas foi nos Rolling Stones que a rebeldia adolescente encontrou sua melhor personificação. Os integrantes da banda eram tudo o que os pais dos anos 60 odiavam. O último passo nesse caminho foi a mercantilização da rebeldia: hoje, ídolos como Eminem ou Britney Spears nem precisam ser rebeldes, basta que pareçam ser.
As imagens mais complexas da adolescência foram captadas na literatura. Romeu e Julieta, de Shakespeare, é um dos mais belos textos já escritos sobre o tema. No centro da história está um amor que arrebata o corpo e o espírito dos protagonistas, e ao qual eles se entregam de modo incondicional. Quando um padre tenta despertar a razão de Romeu, sua resposta é que ninguém tão velho poderia entender o estado em que ele se encontrava. Shakespeare reconhece a beleza desse enlevo, mas não deixa de zombar da intensidade de um personagem que hoje chamaríamos de "aborrescente".
(Disponível em: http://www.pailegal.net/forum/viewtopic.php?t=2576. Acesso em: 14/11/2015.)
Para você, o que é ser jovem no nosso tempo? O que o incomoda mais? O que você, como jovem, quer? O que não quer?
Escreva uma crônica sobre o adolescente ou o jovem de hoje, abordando um ou mais dos seguintes temas ou outro(s) que queira incluir:
- O jovem e o futuro
- O comportamento do jovem
- Os adultos e o jovem
- O que é a liberdade para o jovem
Fonte: Português Contemporâneo: Diálogo, Reflexão e Uso
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