sábado, 23 de abril de 2022

Atividade sobre "Como fazer um resumo"



Como fazer um resumo

Você viu que os resumos, dependendo do objetivo de quem os escreve, podem ser bastante diferentes uns dos outros. Embora haja diferentes maneiras de fazer um resumo adequado, é importante que alguns procedimentos sejam observados na produção desse texto. Os principais são estes:
- a compreensão global do texto a ser resumido;
- a sumarização, isto é, a sintetização, por meio da seleção de algumas informações e da exclusão de outras;
- a organização das vozes, de modo que fique claro qual é a voz do autor do resumo, qual é a do autor do texto resumido e a(s) voz(es) citadas nele.

Leia o texto abaixo e o resumo feito a partir dele.

Camões e a Máquina do Mundo

    Até o século XVI, a astrologia e astronomia estavam muito próximas e a necessidade de utilizar os astros para navegação levou a observações cada vez mais precisas. Dois foram os grandes sábios portugueses responsáveis pela grande aventura marítima portuguesa: D. João de Castro e Pedro Nunes. D. João de Castro escreveu o tratado da esfera por meio de perguntas e respostas e Pedro Nunes [foi] tradutor do famoso Tractatus de Sphera [...], do astrônomo inglês John Holywood, mais conhecido pelo nome latinizado de Johannes Sacrobosco (1200-1256). Esse livro, utilizado durante muitos séculos nas universidades europeias, saiu direto da universidade para guiar os pilotos portugueses em suas descobertas de mares nunca antes navegados. A ciência de cada época influencia as artes em geral, e foi esse livro a principal fonte científica que auxiliou Luís de Camões a escrever sobre a "Máquina do Mundo", concepção mecanicista grego-ptolomaica do mundo com algumas modificações medievais, descrita principalmente no canto X do poema épico Os Lusíadas - o maior monumento literário da língua portuguesa. [...] A Máquina do Mundo camoniana tem a Terra no centro. Em redor da Terra, em círculos concêntricos, a Lua (Diana, Ísis, Jaci, Afrodite), Mercúrio, Vênus, o Sol (Febo), Marte, Júpiter e Saturno. Envolvendo estes astros, tem o firmamento seguido pelo "Céu Áqueo", ou cristalino, depois a esfera do primeiro Móbil que arrasta consigo todas as outras. [...] A Máquina do Mundo camoniana é apresentada com detalhes rigorosamente científicos e poéticos, em versos decassílabos. [...]
    [...]
    [...] Na obra Os Lusíadas, apesar do rigor com que o poeta descreve o sistema de Ptolomeu, ainda há muito de crenças no poder da astrologia. Da vida de Camões sabemos pouco e são pouquíssimas as pistas deixadas dessa atribulada existência. A data mais provável de seu nascimento é 1524. Camões pensa e escreve conforme os quadros mentais da sua época. Palavras como planeta, estrela, benigna estrela, são utilizadas por ele com conotações astrológicas. [...]
    A cosmogonia de Camões [...], ainda que de estirpe grego-ptolomaica, é também medieval. As esferas giram harmoniosas. No Almagesto, o maior tratado astronômico da Antiguidade, Claudius Ptolemaeus (100-170 d.C.) descreve o seu sistema geocêntrico do mundo, com o sol, a lua e os planetas movendo-se ao redor da Terra. Os Céus são esféricos e os objetos celestes têm movimentos circulares, que é o movimento perfeito apropriado à natureza das coisas divinas.
    [...]
    [...] o maior clássico da literatura portuguesa, Os Lusíadas, tem uma imensidão de saberes que refletem a erudição de Camões em diversas áreas do saber, especificamente da Astronomia, Literatura Clássica, Mitologia e Marinharia. [...] O cosmo de Camões é ptolomaico, porque era esse o modelo ainda adotado pelos navegantes portugueses. O modelo heliocêntrico de Copérnico já era conhecido na época de Camões, mas ainda não tinha sido incorporado pela população e navegantes, que podiam navegar bem com o modelo antigo. Observa-se que Camões conhece muito bem o céu e as estrelas-guias dos navegantes. [...] O céu de Camões tem 11 esferas concêntricas, com a Terra no centro. É o modelo ptolomaico com algumas modificações do Tratado da Esfera, de Pedro Nunes. Analisando alguns poemas de Camões e certas passagens de Os Lusíadas, percebe-se que ele ainda utiliza expressões e pensamentos próprios de uma crença astrológica. [...]
(João da Mata Costa, professor da UFRN. Disponível em: http://www.substantivoplural.com.br/wp-content/uploads/2010/04/ CAM%C3%95ES-E-A-M%C3%81QUINA-DO-MUNDO.pdf. Acesso em: 20/6/2015.)

Resumo:
João da Mata Costa, professor da UFRN, comenta no texto "Camões e a Máquina do Mundo" que, até o século XVI, a astrologia e a astronomia estavam muito próximas e que a necessidade de utilizar os astros para a navegação levou a descobertas cada vez mais precisas. Costa considera que alguns escritos sobre o tema foram fundamentais para as grandes navegações. O professor universitário cita o livro Tractatus de Sphera, do astrônomo inglês John Holywood, traduzido para o português por Pedro Nunes, obra que, segundo o acadêmico, teria sido utilizada para guiar os pilotos portugueses em suas descobertas. Esse mesmo livro, conforme aponta Costa, foi a principal fonte científica que auxiliou Luís de Camões a escrever sobre a "Máquina do Mundo", descrita no canto X do poema épico Os Lusíadas. O professor acredita ser possível perceber a erudição de Camões pelas referências feitas na epopeia Os Lusíadas. Com base em análises de passagens do texto épico, o professor afirma que a Máquina do Mundo camoniana é baseada em uma concepção mecanicista grego-ptolomaica, com algumas modificações medievais: a Terra no centro e, ao seu redor, em círculos concêntricos, o Sol, os demais planetas e satélites. Costa ressalta que o poeta português pensava conforme os quadros mentais de sua época e que, embora o modelo heliocêntrico de Copérnico já fosse conhecido, o modelo antigo ainda prevalecia, uma vez que funcionava bem para guiar os navegantes. Em razão dessas referências encontradas na epopeia, o acadêmico considera Camões um homem conhecedor de saberes de várias áreas, tais como Astronomia, Literatura Clássica, Mitologia e Marinharia.

# Questões:
1. Contraponha o resumo ao texto original.
a. Identifique as informações que foram mantidas e as informações que foram suprimidas.

b. Discuta com o professor e os colegas: Que tipo de informação do texto-fonte não consta no resumo?

2. O resumo apresenta de maneira sucinta o conteúdo do texto original. Para tanto, faz uso de estratégias como:

I. cópia de alguns trechos, com explicitação da voz do autor do texto original;
II. paráfrases (textos que dizem o mesmo que um texto original, porém de outra maneira);
III. supressão de informações detalhadas;
IV. supressão de trechos que expressam opiniões do autor do texto original.

Entre as estratégias citadas, identifique, no caderno, qual(is) foi(ram) utilizada(s) no resumo de cada trecho reproduzido no quadro a seguir.

3. Em resumos, é frequente o uso de certas palavras e expressões para apresentar a voz do autor do texto original. Releia estes trechos do resumo do texto "Camões e a Máquina do Mundo": 

- "o professor afirma que a Máquina do Mundo camoniana tem uma concepção mecanicista grego-ptolomaica"
- "Costa ressalta que o poeta português pensava conforme os quadros mentais de sua época"

a. Nesses trechos, quais formas verbais foram utilizadas para apresentar a voz do autor do texto original?

b. Cite outras formas verbais e expressões utilizadas no resumo com a mesma função.

c. Os termos tem e pensava, destacados nos trechos acima, não foram modificados no resumo. Levante hipóteses: Qual foi a razão desse procedimento?

4. Releia o seguinte trecho do resumo.

O professor universitário cita o livro Tractatus de Sphera, do astrônomo inglês John Holywood, traduzido para o português por Pedro Nunes, obra que, segundo o acadêmico, teria sido utilizada para guiar os pilotos portugueses em suas descobertas. Esse mesmo livro, conforme aponta Costa, foi a principal fonte científica que teria auxiliado Luís de Camões a escrever sobre a "Máquina do Mundo"

Levante hipóteses: Por que o autor do resumo optou por utilizar as formas verbais teria sido utilizada e teria auxiliado, em vez das formas foi utilizada e auxiliou, empregadas no texto original?

Fonte: Português: Linguagens, William Cereja et al.


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