Traduzir-se
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?
(In: Alfredo Bosi, org. Melhores poemas de Ferreira Gullar. 7ª ed. São Paulo: Global, 2004. p. 169.)
# Questões:
1. O eu lírico do poema procura descrever a si mesmo. Para isso, utiliza imagens como:
- "Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:"
- "Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente."
a. Que figuras de linguagem há nesses versos? Explique como elas ocorrem.
b. Identifique outros versos do poema em que esses mesmos recursos foram empregados.
2. O título do poema é "Traduzir-se". Observe a última estrofe.
a. Em que consiste a tradução mencionada no poema? Discuta com os colegas e o professor.
b. Considerando a resposta do item anterior, responda: Qual é a importância da antítese na construção do poema?
c. Levando em conta a interpretação dada ao poema, identifique as funções da linguagem predominantes nele. Justifique sua resposta.
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