VAGA-LUMES LITERÁRIOS
Expedição Vaga-Lume é o simpático nome do projeto de três jovens que deverá levar, nos próximos meses, cerca de 7.000 livros a 22 comunidades carentes na região amazônica. A ideia, já contida no próprio nome da iniciativa, é levar partículas de luz à floresta.
Os 7.000 volumes distribuídos em 22 bibliotecas podem parecer pouco, mas, quando se considera o deserto de livros que é o Brasil e, em especial, a região amazônica, esses micropontos de luz ganham as proporções que tem um farol para o náufrago.
A Amazônia Legal, que corresponde a 61% do território brasileiro, não tem mais do que 400 bibliotecas públicas. Um Estado do porte do Amazonas conta com apenas oito. Roraima, ainda menos: quatro.
É verdade que a situação global brasileira não é muito mais confortável. O país possui pouco mais de 4.000 bibliotecas. É difícil determinar o que é causa e o que é efeito, mas o brasileiro quase não lê. Existe aqui uma livraria para cada 84,4 mil habitantes. A vizinha Argentina tem (ou tinha, antes da crise) uma para cada 6.200. O brasileiro adquire em média 2,5 livros por ano, aí incluídos os didáticos, que são distribuídos a alunos da rede pública. O francês compra mais de sete livros por ano.
E a Expedição Vaga-Lume, ao assumir que faz um trabalho pequeno, como que de inseto, ganha relevância porque não se limita a despejar os livros nas comunidades. Procura também trabalhar com alunos e professores, para que o livro lhes pareça um objeto menos exótico.
Um dos aspectos pouco mencionados do ciclo de perpetuação da miséria é o fato de que o filho de pais analfabetos, mesmo quando chega à escola, já entra em desvantagem. Alguns educadores acreditam que apenas ver os pais lendo desde a primeira infância já constitui elemento do processo de aprendizagem.
O Brasil não se tornará uma França da noite para o dia. Mas, para que a população venha a ter hábitos de leitura, é preciso começar a criar familiaridade com a escrita e os livros, ainda que a ritmo de vaga-lume.
1. Esse editorial faz uma leitura diferenciada de uma notícia veiculada no jornal a respeito de um fato que pode mudar a vida de muitos brasileiros da região amazônica.
a) Qual é esse fato?
b) O ponto de vista do jornal é favorável ou desfavorável ao fato comentado?
2. O editorial geralmente apresenta três partes essenciais: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Na introdução, é apresentado o assunto sobre o qual é feito o comentário e o posicionamento
do jornal a respeito dele, isto é, a favor ou contra.
A introdução do texto lido é formada pelos dois parágrafos iniciais
a) De que trata o 1º parágrafo?
b) Identifique no 2º parágrafo a tese ou ideia principal, isto é, a ideia desenvolvida no texto.
c) Que parágrafos constituem o desenvolvimento?
d) Que parágrafo corresponde à conclusão?
3. O editorial é um gênero argumentativo e, como tal, pretende convencer os leitores. Identifique no editorial:
a) dados estatísticos que ajudam a comprovar o ponto de vista do jornal.
b) comparações entre a realidade do Brasil e a de outros países.
c) Um exemplo de reflexão sobre causa de o brasileiro ler pouco.
4. O editorial destaca como qualidade uma característica do modo de atuação da Expedição Vaga-Lume. Identifique, no 5º parágrafo, qual é essa característica.
5. Sobre a conclusão. Na sua opinião, o editorial apresenta uma conclusão do tipo síntese ou do tipo proposta?
6. Sobre a linguagem do texto. Que variedade linguística predomina: a padrão ou a não padrão?
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