quarta-feira, 13 de maio de 2020

Atividade sobre o romance "O Mulato"




Leia o trecho de O Mulato "VII", de Aluísio Azevedo:

"Junho chegou, com as suas manhãs muito claras e muito brasileiras.

É o mês mais bonito do Maranhão. Aparecem os primeiros ventos gerais, doidamente, que nem um bando solto de demônios travessos e brincalhões, que vão em troca percorrer a cidade, assoviando a quem passa, atirando ao ar o chapéu dos transeuntes, virando-lhes do avesso os guarda-sóis abertos. [...]

Manhãs  alegres!  O  céu  varre-se  nesse  dia  como  para  uma  festa,  fica  limpo,  todo azul,  sem  uma  nuvem;  a  natureza  prepara-se,  enfeita-se;  as  árvores  penteiam-se, os  ventos  gerais  catam-lhes  as  folhas  secas  e  sacodem-lhes  a  frondosa  cabeleira verdejante;  asseiam-se  as  estradas,  escova-se  a  grama  dos  prados  e  das  campinas, bate-se a água, que fica mais clara e fresca. E o bando turbulento não para nunca e, sempre  remoinhando,  zumbindo,  cantando lá  vai  por  diante,  dando  piparotes  em  tudo que encontra, acordando as pequeninas plantas, rasteiras e preguiçosas, não deixando dormir  uma  só  flor,  enxotando  dos  ninhos  toda  a  chilradora  república  das  asas.  E  as borboletas, em cardumes multicolores, soltam-se por aqui e por ali, doidejando; e nuvens de abelhas revoam, peralteando, gazeando o trabalho e as lavadeiras [...] brincam ao sol, sobre os lagos, dançando ao som de uma orquestra de cigarras.

A  gente  bem  conformada,  nessas  manhãs,  acorda  lépida,  depois  de  um  sono  bom, completo, bebido de uma vez, como um copo de água fresca. E não resiste ao convite do bando [...] que lhe salta pela janela e lhe invade o quarto, atirando ao chão os papéis da mesa, arrancando os quadros da parede e desfraldando as cortinas, que tremulam no ar em flutuações alegres de bandeira; não resiste – veste-se rindo, cantarolando, e vai para a rua, para o campo, mete uma flor na lapela do fraque, agita a bengala, fala muito, ri, tem vontade de correr e almoça nesse dia com um apetite selvagem.

A madrugada da véspera de São João era dessas."

Questão 1 - O elemento da narrativa que predomina nesse texto é
A) a apresentação das personagens.
B) a descrição do espaço.
C) a passagem do tempo.
D) o clímax da narrativa.
E) o conflito que dá origem à história.

Questão 2 - O trecho desse texto em que o autor atribui características humanas a seres inanimados é:
A) “Junho chegou, com as suas manhãs...”. (ℓ. 1)
B) “É o mês mais bonito do Maranhão.”. (ℓ. 2)
C) “Aparecem os primeiros ventos gerais, doidamente, que nem um bando solto...”. (ℓ. 2-3)
D) “E as borboletas, em cardumes multicolores, soltam-se por aqui e por ali,...”. (ℓ. 13-14)
E) “A gente bem conformada, nessas manhãs, acorda lépida, depois de um sono bom,...”. (ℓ. 17)

Questão 3 - O trecho “... os ventos gerais catam-lhes as folhas secas e sacodem-lhes...” (ℓ. 8) apresenta características da linguagem
A) empregada em artigos de jornais e revistas.
B) encontrada em bulas de remédio.
C) falada exclusivamente em determinada região.
D) usada em épocas passadas.
E) utilizada em encontros de amigos.

Questão 4 - Nesse texto, no trecho “... com um apetite selvagem.” (ℓ. 23), a palavra "selvagem" assume no contexto o sentido de
A) agitado.
B) cruel.
C) intenso.
D) invejável.
E) violento.

Questão 5 - Nesse texto, no trecho “... sempre remoinhando, zumbindo, cantando lá vai por diante,...” (ℓ. 11), o uso das formas verbais "remoinhando", "zumbindo" e "cantando" sugere
A) comparação.
B) continuidade.
C) intensidade.
D) lentidão.
E) tensão.

Questão 6 - Nesse texto, a relação estabelecida entre o vento e o espaço é de
A) aceitação.
B) indiferença.
C) interação.
D) resistência.
E) violência.

Questão 7 - No trecho “... catam-lhes as folhas secas...” (ℓ. 8) o pronome "lhes" refere-se
A) às manhãs.
B) às árvores.
C) aos ventos.
D) às estradas.
E) aos prados.

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