segunda-feira, 7 de março de 2022

Atividade sobre o gênero textual editorial - "Economia solidária em tempos de crise"



Leia o texto a seguir.

Economia solidária em tempos de crise

Crise é a palavra mais ouvida em 2016. Saúde, educação, segurança, inflação, obras, emprego, comércio, indústria - não há setor à margem do tsunami político e econômico que se abateu sobre o país. Reações ao quadro calamitoso se dividem em dois polos. Um: de desânimo. Uns não enxergam saída a curto prazo. Preferem dar tempo ao tempo. Esperam que a eleição de 2018 traga novos ventos.

O outro: de luta. Os membros desse grupo pensam como os chineses. Apagam a letra s da palavra crise. Transformam-na em crie. Enxergam no ciclo que se abre oportunidade para inovar, buscar saídas para problemas velhos. Assumem o protagonismo antes entregue ao governo. Se o Estado faliu, incapaz de dar respostas satisfatórias às urgências dos cidadãos, a sociedade pode - e deve - assumir o protagonismo.

Exemplos sobressaem Brasil afora. Dois verbos - compartilhar e economizar - encabeçam as iniciativas. Pais se organizam para dividir carona. Famílias se associam para comprar no atacado e, assim, obter desconto no total a pagar. Moradores de casas plantam horta e dividem a colheita com vizinhos e amigos. As redes sociais divulgam receitas para aproveitar cascas e talos de hortifrútis que normalmente seriam destinados ao lixo.

Há grupos que aproveitam alimentos que seriam descartados por grandes distribuidoras em razão da aparência ou do prazo próximo do vencimento, para distribuí-los a famílias e instituições carentes.

Ceasas, supermercados e atacadistas são fonte de toneladas de variados produtos que, há muito, se tornaram ingredientes que frequentam a mesa de trabalhadores, estudantes e donas de casa.

Vale lembrar o exemplo do Instituto de Pesquisas e Estudos Aplicados à Sociedade (Ipeas). A associação, voltada para o combate à fome, recolhe em supermercado alimentos considerados impróprios para o comércio. São cerca de sete toneladas diárias de frutas, verduras, legumes, produtos com embalagem danificada que, triados e classificados, garantem a refeição de populações pobres.

Roberto Campos costumava dizer que a tragédia do Brasil é ser país produtor de banana. A fruta, que não exige investimento para ser cultivada nem esforço para ser colhida, teria forjado pessoas esbanjadoras. Talvez. Mas, tenha ou não tenha razão, o embaixador, famoso pela ironia, focou uma característica nacional. Sem ter sido educado para poupar e compartilhar, o brasileiro precisa incorporar novo paradigma. A crise ensina lição da economia solidária.
(Diário de Pernambuco, 18/1/2016.)

# Questões:
1. O texto lido é um editorial do jornal "Diário de Pernambuco", publicado em 18/1/2016. De qual assunto ele trata?

2. Os editoriais são textos publicados em veículos de comunicação, em geral jornais e revistas. Em relação ao editorial lido, levante hipóteses:
a. Por que não há referência ao seu autor nem uso da 1ª pessoa?

b. A pessoa que escreveu o editorial desempenha qual função no jornal?

c. De quem é o ponto de vista expresso no texto?

3. Para discutir o assunto abordado, o editorial faz referência a duas posturas distintas dos brasileiros.
a. Quais são essas duas posturas?

b. Qual das posturas é apoiada pelo jornal? Justifique sua resposta.

4. Em um editorial podem ser utilizadas diferentes estratégias para a defesa de uma opinião sobre o tema abordado. Entre as estratégias a seguir, quais são utilizadas no editorial lido?
- exemplificação com fatos do cotidiano
- referência a fatos históricos que ilustram a situação abordada
- constatação de um problema
- argumentação com apresentação de dados estatísticos obtidos em pesquisas reconhecidas socialmente
- reprodução de trechos de entrevistas concedidas por autoridades
- citação de vozes de autoridade
- exposição e análise de posturas diferentes diante de uma mesma situação

5. Embora não faça uso da 1ª pessoa do singular, o editorial lido expressa um ponto de vista. Releia estes trechos:
I. "Crise é a palavra mais ouvida em 2016. Saúde, educação, segurança, inflação, obras, emprego, comércio, indústria - não há setor à margem do tsunami político e econômico que se abateu sobre o país."
II. "Os membros desse grupo pensam como os chineses. Apagam a letra s da palavra crise. Transformam-na em crie."
III. "A fruta, que não exige investimento para ser cultivada nem esforço para ser colhida, teria forjado pessoas esbanjadoras. Talvez."
IV. "Sem ter sido educado para poupar e compartilhar, o brasileiro precisa incorporar novo paradigma. A crise ensina lição da economia solidária."

a. Em quais trechos há referência a fatos que são tratados como verdadeiros e sobre os quais o editorial aparentemente não explicita opinião?

b. Em quais trechos uma opinião é defendida explicitamente?

6. Mesmo não havendo marcas que explicitem uma opinião, é importante notar que os textos sempre expressam, de alguma forma, um ponto de vista.
a. Discuta essa afirmação com os colegas e o professor e conclua: Quais elementos podem dar pistas sobre o ponto de vista de um texto?

b. Identifique no editorial lido alguns desses elementos.

7. Releia o trecho a seguir, extraído do segundo parágrafo:

"Se o Estado faliu, incapaz de dar respostas satisfatórias às urgências dos cidadãos, a sociedade pode - e deve - assumir o protagonismo."

a. Qual é a opinião defendida explicitamente nesse trecho em relação à postura da sociedade?

b. Ao reler o segundo parágrafo inteiro, é possível perceber que essa opinião não está marcada explicitamente na voz do editorial. Releia-o e conclua: Conforme o texto, de quem é esse ponto de vista?

c. Ao longo da leitura, é possível perceber a postura defendida pelo editorial. Conclua: O editorial concorda com a opinião expressa no trecho reproduzido anteriormente? Justifique sua resposta com base em elementos do texto.

Fonte: Português: Linguagens, William Cereja et al.

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