terça-feira, 26 de março de 2013
Aula sobre o Gênero Relato "Relato de um náufrago"
O texto que segue é um fragmento do livro "Relato de um Náufrago", de Gabriel Garcia Marquez:
EU ERA UM MORTO
Não me lembro do amanhecer do sexto dia. Tenho uma idéia nebulosa de que, durante toda a manhã, fiquei prostrado no fundo da balsa, entre a vida e a morte. Nesses momentos, pensava em minha família e a via tal como me contaram agora que esteve durante os dias do meu desaparecimento. Não fiquei surpreso com a notícia de que tinham me prestado homenagens fúnebres. Naquela sexta manhã de solidão no mar, pensei que tudo isso estava acontecendo.
Sabia que haviam comunicado à minha família o meu desaparecimento. Como os aviões não voltaram, sabia que tinham desistido da busca e que me haviam declarado morto.
Nada disso era errado, até certo ponto.
Em todos os momentos, tratei de me defender. Encontrei sempre um meio de me defender. Encontrei sempre um meio de sobreviver, um ponto de apoio, por insignificante que fosse, para continuar esperando. No sexto dia, porém, já que não esperava mais nada. Eu era um morto na balsa.
Á tarde, pensando que logo seriam cinco horas e os tubarões voltariam, fiz um desesperado esforço para me levantar e me amarrar à borda. Em Cartagena, há dois anos, vi na praia os restos de um homem destroçado por tubarão. Não queria morrer assim. Não queria ser repartido em pedaços entre um montão de animais insaciáveis.
Eram quase cinco horas. Pontuais, os tubarões estavam ali, rodando a balsa. Levantei-me penosamente para desatar os cabos do estrado.
A tarde era fresca. O mar, tranqüilo. Senti-me ligeiramente fortalecido. Subitamente, vi outra vez as sete gaivotas do dia anterior e essa visão infundiu em mim renovados desejos de viver.
Nesse instante teria comido qualquer coisa. A fome me incomodava. Mas o pior era a garganta e a dor nas mandíbulas, endurecidas pela falta de exercício. Precisava mastigar qualquer coisa. Tentei arrancar tiras de borrachas dos sapatos, mas não tinha com que cortá-las. Foi então que lembrei dos cartões da loja de Mobile.
Estavam num dos bolsos da calça, quase completamente desfeitos pela umidade. Rasguei-os, levei-os à boca e comecei a mastigar. Foi um milagre: a garganta se aliviou um pouco e a boca se encheu de saliva. Lentamente continuei mastigando, como se aquilo fosse chiclete.
[...] Pensava continuar mastigando os cartões indefinidamente para aliviar a dor das mandíbulas e até achei que seria desperdício jogá-los no mar. Senti descer até o estômago a minúscula papa de papelão moído e desde esse instante tive a sensação de que me salvaria, de que não seria destroçado pelos tubarões. [...]
Afinal, amanheceu o meu sétimo dia no mar. Não sei por que estava certo de que esse não seria o ultimo. O mar estava tranqüilo e nublado, e quando o sol saiu, mais ou menos às oito da manhã, eu me sentia reconfortado pelo bom sono da noite. Contra o céu cinza e baixo passaram sobre a balsa as sete gaivotas.
Dois dias antes eu sentira uma grande alegria vendo as sete gaivotas. Mas quando as vi pela terceira vez, depois de tê-las visto durante dois dias consecutivos, senti o terror renascer. “são sete gaivotas perdidas”, pensei, com desespero. Todo marinheiro sabe que, às vezes, um bando de gaivotas se perde no mar e voa sem direção, durante vários dias, até encontrar e seguir um barco que lhes indique a direção do porto. Talvez aquelas gaivotas que vira durante três dias fossem as mesmas todos os dias, perdidas no mar. Isso significa que eu me distanciava cada vez mais da terra.
(Gabriel Garcia Márquez, Relato de um náufrago. 3. ed. Rio de Janeiro: Record, 1970. p. 70-3.)
Exercícios:
1. Nesse fragmento, o marinheiro relata suas experiências, como náufrago, numa balsa à deriva no mar.
a) A que dias de sobrevivência no mar elas se referem?
b) Duas coisas particularmente o atormentavam: os tubarões e a fome. Apesar de não esperar mais nada, o que fez?
2. A visão das sete gaivotas infundia no narrador um desejo de viver.
a) Por que, na sua opinião, as gaivotas lhe davam esperança de vida?
b) No sétimo dia, entretanto, já era a terceira vez que ele a via. Com base em que conhecimento o narrador sentiu o terror renascer?
3. Observe os verbos e os pronomes empregados no texto.
a) Os verbos e pronomes estão em que pessoa?
b) Em que tempo está a maioria dos verbos?
4. Releia o 4º parágrafo do texto. Com base nele é correto dizer que esse texto é exclusivamente narrativo, que ele é exclusivamente descritivo ou que é narrativo e utiliza a técnica de descrição? Justifique sua resposta.
5. Lembre-se de algum episódio de sua infância que lhe tenha ficado na memória. Relate esse episódio, observando as características do relato pessoal.
(CEREJA e MAGALHÃES, Português: Linguagem)
segunda-feira, 25 de março de 2013
Aula sobre gênero textual Relatório - atividades
Leia o texto a seguir, um relatório escrito por uma estudante do ensino fundamental sobre uma atividade na aula de física:
Relatório
Para encerrar o curso de Física que contou com aulas práticas e teóricas sobre Cinemática, analisei o movimento efetuado por um tatuzinho de jardim em um tubo de 35 cm, seguindo um roteiro previamente estabelecido.
Antes de iniciar a análise, levantei a seguinte hipótese: o tatuzinho deverá percorrer rapidamente o tubo e sair do outro lado, efetuando um movimento uniforme.
Em seguida, reuni o material necessário: um tatu de jardim, um tubo transparente de 35 cm, um cronômetro e fita adesiva.
Fixei, com fita adesiva, o tubo transparente em uma mesa, em linha reta. É importante lembrar que o uso do tubo facilita a observação do movimento. O tubo foi dividido de 5 em 5 cm.
Coloquei o tatuzinho no início do tubo, acionei o cronômetro e anotei o tempo em que ele passou por cada um dos espaços marcados, conforme mostra a tabela a seguir.
Analisando o gráfico obtido, observei que o movimento do tatuzinho no tubo não confirmou a hipótese levantada inicialmente, pois o tatuzinho não manteve uma velocidade constante durante seu movimento no tubo.
(Juliana S. Z. - 8º ano do Ensino Fundamental)
Exercícios:
1. Para realizar a atividade, a aluna se serviu de alguns conhecimentos científicos relacionados a uma área específica da ciência.
a) Qual é essa área?
b) Que abreviaturas, palavras ou expressões do texto confirmam sua resposta anterior?
2. O relatório da estudante pode ser dividido em três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão. Em que parágrafo do texto se localiza:
a) a introdução
b) a conclusão
3. O que a aluna descreveu no 3º, 4º e 5º parágrafos?
4. Para descrever o movimento do tatuzinho no tubo, a aluna utilizou um gráfico.
a) O que o gráfico contém?
b) Para que ele serve?
5. No último parágrafo do texto, a aluna expõe a conclusão a que chegou depois de realizado o experimento. A conclusão confirma a hipótese inicial?
6. Observe a linguagem empregada no texto.
a) De que variedade linguística a aluna faz uso? Culta e formal; culta e informal ou popular e coloquial?
b) Um texto de caráter científico, que busca precisão de informações, costuma ser impessoal. No caso do texto em estudo, a linguagem empregada é pessoal ou impessoal? Justifique sua resposta.
# RESPOSTA (GABARITO).
segunda-feira, 4 de março de 2013
Análise da música "Cartas pra você", NX Zero
Leia o texto abaixo:
Cartas pra Você – NX Zero
Eu tento te esquecer
Mas tudo que eu escrevo
É sobre você
Eu não posso me enganar
Fingir que estou bem
Porque não estou
Preciso de você
Essa noite
E hoje estou aqui
Só pra te cobrar
O que você disse
Que iria ser pra sempre
Mas não foi assim
Agora o que me resta
Escrever nessa carta
Pra lembrar
Eu passo tanto tempo
Só te procurando
Em um outro alguém
Mas não posso me enganar
Sinto sua falta
E ninguém pode ver
Exercícios:
1. Quais os dois gêneros textuais que se misturam nesse texto do NX Zero?
2. A que tipo de carta esse texto melhor se encaixa? Carta pessoal, carta oficial, carta ao leitor, carta ou carta comercial? Explique.
3. Pela estrutura, linguagem e temática desse texto, podemos classificá-lo como formal ou informal?
4. O texto apresenta um eu-lírico (uma voz interior) que expressa suas emoções. Como podemos descrever a personalidade dessa pessoa?
5. Qual o objetivo do eu-lírico ao escrever esse texto?
6. Você concorda com a postura do eu-lírico do texto? Explique.
domingo, 3 de março de 2013
Atividades sobre Gêneros literários (narrativo, lírico e dramático)
Analise os três textos abaixo:
Texto I – Maria Chiquinha – Sandy e Junior
O que que você foi fazer no mato, Maria Chiquinha?
Eu precisava cortar lenha, Genaro, meu bem
Quem é que tava lá com você, Maria Chiquinha?
Era filha de Sádona, Genaro, meu bem
Eu nunca vi mulher de bigode, Maria Chiquinha
Ela tava comendo jamelão, Genaro, meu bem (...)
Texto II – Velha Infância - Tribalista
Você é assim
Um sonho pra mim
E quando eu não te vejo
Eu penso em você
Desde o amanhecer
Até quando eu me deito...
Eu gosto de você
E gosto de ficar com você
Meu riso é tão feliz contigo
O meu melhor amigo
É o meu amor... (...)
Texto III - Dezesseis – Legião Urbana
João Roberto era o maioral, o nosso Johny era um cara legal. /Ele tinha um opala metálico azul, era o rei dos pegas na asa sul , e de todo lugar. /Quando ele pegava no violão, conquistava as meninas e quem mais quisesse ver, /Sabia tudo da Janis, do Led Zeppelin, dos Beatles e dos Rolling stones,/Mas de uns tempos pra ca, meio sem querer, alguma coisa aconteceu/ Johny andava meio quieto demais, só que quase ninguém percebeu, oh,oh,oh/ Johny estava com um sorriso estranho, quando marcou um super pega no fim-de-semana,/ Não vai ser no casebre, nem no lago norte, nem na UNB/ As máquinas prontas, um ronco de motor / a cidade inteira se movimentou, /e Johny disse:-eu vou pra curva do diabo, sobradinho e vocês?/ E os motores saíram ligados ali, / Pra estrada da morte o maior pega que existiu,/ Só deu pra ouvir, foi aquela explosão, e os pedaços do opala azul de Johny pelo chão/ No dia seguinte, falou o diretor:-O aluno João Roberto, não está mais entre nós./ Ele só tinha 16, que isto sirva de aviso pra vocês./ E na saida da aula, foi estranho e bonito/ Todo mundo cantando baixinho/ Strawberry fields forever/ e até hoje quem se lembra,/ diz que não foi o caminhão/ nem a curva fatal, e nem a explosão/ Johny era fera demais pra vacilar assim/ E quem diga que foi tudo por causa de um coração partido/ Um coração../ Bye Bye Johny./ Johny bye bye
Exercícios
1. A que gênero literário (narrativo, lírico e dramático) pertencem as músicas:
a) Maria Chiquinha;
b) Velha Infância;
c) Dezesseis.
2. As características de um texto narrativo são personagens, tempo/lugar e ações. Analise a música “Dezesseis”:
a) Sobre o personagem principal, identifique-o e fale sobre a personalidade dele descrita no início da música.
b) É possível identificar quando e onde ocorreu a história?
c) Sobre “ações”, como podemos resumir a história apresentando o início, o meio e o fim dela?
3. A imagem que João Roberto aparentava correspondia com o que ele era na realidade? Explique.
4. João Roberto era jovem e tinha a vida toda pela frente. Você concorda com a postura e a concepção de amor dele?
5. Releia o texto:
a) Por que a música se chama “Dezesseis”?
b) Que mensagem o autor quis transmitir ao intitulá-la de “Dezesseis”?
# RESPOSTAS (GABARITO)
Leia mais:
Atividades (Aulas): Língua Portuguesa/Currículo Mínimo 2013
sexta-feira, 1 de março de 2013
Aula: Interpretação de uma Charge - Reforma Ortográfica
Leia a charge abaixo e responda às questões 1 a 3:
Fonte da charge: circbolivarianopaulofreire
1. A charge retrata uma aula de português:
a) Qual é o assunto gramatical da aula?
b) Qual a palavra (da frase escrita no quadro) que responde à pergunta da professora?
c) Afinal, o que mudou nessa palavra em questão com o novo acordo ortográfico?
2. Sobre a resposta do aluno:
a) Foi a resposta esperada pela professora? Explique.
b) Qual foi a intenção comunicativa do aluno ao dar tal resposta?
3. O gênero textual charge tem como uma de suas características abordar sobre algum assunto polêmico de forma crítica. Analise as informações não verbais (visuais) nessa charge e identifique elementos que confirmem o papel crítico desse gênero textual.
4. Elabore uma charge com a finalidade de criticar uma situação polêmica que vem ocorrendo na sua escola ou em outro lugar.
Aula elaborada por: Diogo de Oliveira Paula
Leia mais:
Atividades (Aulas): Língua Portuguesa/Currículo Mínimo 2013
Flagra! (Rita Lee) - Exercícios com substativos
Flagra (Rita Lee)
No escurinho do cinema
Chupando drops de anis
Longe de qualquer problema
Perto de um final feliz
Se a Deborah Kerr que o Gregory Peck
Não vou bancar o santinho
Minha garota é Mae West
Eu sou o Sheik Valentino
Mas de repente o filme pifou
E a turma toda logo vaiou
Acenderam as luzes, cruzes!
Que flagra!
Que flagra!
Que flagra!
Exercícios:
a) Identifique e classifique os substantivos presentes na 1ª estrofe da música.
b) Qual o tipo de substantivo predomina na 2ª estrofe do texto?
c) Na 3ª estrofe há um substantivo coletivo. Qual é esse substantivo e qual o grupo de substantivos ele representa?
d) O verbo “vaiou” (3ª estrofe) deriva de qual substantivo abstrato?
e) Derive um substantivo de “cruzes”.
Fonte: http://atividadeslinguaportuguesa.blogspot.com.br/2013/03/flagra-exercicios-com-substantivos.html